quinta-feira, abril 13, 2017

Aceitas ‘ser Pão’?...


Iniciámos no passado Domingo a semana, ‘Santa’ e ‘Maior’, marcados pelo grande sinal (e mistério!) da Vulnerabilidade omnipotente do Amor que salva. A narração da Paixão, pórtico com que Deus nos introduz no ‘mistério de Jerusálem’, despertou-nos para O escutarmos como discípulos (Isaías 50, 4-7). Ao nosso redor as marcas da Paixão tornaram-se (ainda mais) visíveis na tragédia do ataque às igrejas Coptas, como que a sussurrar-nos ao coração a verdade que teimamos em não aceitar: ‘se o grão de trigo não morrer, não produzirá fruto’. Sim, o Evangelho não rima com poder, com altivez ou agressividade; também não é paz indolente ou acomodação; não responde ‘na mesma moeda’, nem se blinda...

Encontrar-se com o Evangelho significa desnudar-se, isto é, entrar num excesso de dom e num desassossego de Amor que nos faz ver, tocar e celebrar cada realidade com a mesma ternura e misericórdia com que Deus vê e toca o nosso frágil barro. Foi assim em todo caminho quaresmal, é assim de um modo mais intenso nesta noite em que iniciamos o Tríduo Pascal.

O que celebramos hoje não é somente um rito ou uma Tradição! Celebramos um Deus que nos escancara e introduz na Sua intimidade. Um Deus que nos oferece comunhão e nos comunga naquilo que são as nossas dores e angústias, feridas e pecados, sonhos e projetos...Um Deus que nos pede que deixemos Suas mão acariciar nossos pés cansados ou acomodados (Jo 13, 1 -35). Um Deus que nos pede coragem e criatividade para fazer do mundo ‘uma casa de irmãos’ onde todos se sintam, no Amor, ungidos, sarados, salvos.

O Sonho de Deus para a Humanidade vem (re)lembrar-nos, de um modo especial nesta noite, que o Amor não se improvisa. O Amor cristão é concreto, beija as chagas do nosso sofrimento, enxuga as lágrimas das nossas dores, abraça os nossos desesperos para nos fazer sentir o calor e a proximidade de uma esperança que não engana, toca a nossa fragilidade e pecado sem medo de ‘sujar as mãos’ e, no fim, olhando-nos de baixo para cima, lava os nossos pés cansados e senta-nos na mesa onde o ‘Amor de todo o amor’ sacia as nossas fomes de sentido. Não é apenas um milagre. É a opção de Deus por nós!

Nesta noite, diante dos nossos olhos habituados ao superficial e diante do nosso coração tantas vezes inquieto, (re)inicia-se a ‘revolução da ternura’. Ele, o Rosto do Amor que salva, revela-nos que o único poder que o Amor tem é o serviço, sua omnipotência está na delicadeza com que toca cada história, cada pessoa...o Seu milagre de Amor está no apelo que nos faz a sermos, com Ele e como Ele, Pão que se reparte para que o mundo tenha a Vida... Para avançar, Ele pede-nos uma resposta. Não se trata de uma condição mas sim de assumir uma identidade! Aceitas?...Que o perfume da Páscoa preencha já estes teus primeiros passos do caminho!





Sem comentários: