terça-feira, março 20, 2007

Se soubesse que Deus vem sempre ter contigo...(Ter. IV - Quaresma)

Se soubesse que Deus vem sempre ter contigo...O mais importante é descobrir que Ele te ama, mesmo quando tu pensas que não O amas.
Cristo espera ser acolhido por cada um de nós. Se tu não consegues dar-Lhe uma resposta, Ele respeita o teu silêncio. Mas quando te abres e O acolhes, por acção do Espírito Santo, cria dentro de ti uma comunhão íntima com Ele.
Na surpresa dessa comunhão, Ele habita no mais fundo da tua alma. A sua presença é tão clara como a tua própria existência.
Tens dúvidas? Escavam-se em ti como que buracos de incredulidade? Contudo, permaneces na fidelidade. A dúvida, por vezes, é apenas o outro lado da fé. Na invisibilidade da Sua presença, o Ressuscitado poderia dizer-te: “sei que há dias cinzentos e opacos na tua vida. Conheço as tuas dificuldades e a tua pobreza, mas apesar disso és abençoado, habitado por fontes vivas, fontes de fé escondidas no mais profundo de ti mesmo.
A surpresa da presença de Jesus, o Ressuscitado, cria em ti uma morada de luz. Ela ilumina mesmo quando tudo parece envolto em obscuridade e brilha como brasas debaixo da cinza.
Por vezes perguntas-te a ti mesmo: o fogo que há em mim vai apagar-se? Não foste tu que o acendeste. Não é a tua fé que cria Deus, não são as tuas dúvidas que O vão lançar para o nada.
Lembra-te: o simples desejo de Deus é já o começo da fé. Quando te abres à vida eterna, a confiança da fé começa e não tem mais fim...
(Irmão Roger, Comunidade ecuménica de Taizé)
A compaixão é vulgarmente confundida com a “caridadezinha”, isto é, com um amor cristão infantilizado. Falar da compaixão é falar dum coração que se ajoelha diante dos irmãos e que se torna servo da sua dignidade mais profunda.E eu, como é que vivo esta dimensão fundamental da minha fé?...
Jesus,
Luz para as minhas trevas,
hoje venho a Ti
na humildade dum coração que quer servir mais e melhor.
às vezes custa-me encontrar-Te no rosto dos irmãos,
custa-me servir-Te na humildade de quem não espera nada em troca,
e quantas vezes o meu amor não é apenas dar do que me sobra...
Neste dia, Senhor,
aqui me tens sem máscaras, reconhecendo a minha fragilidade.
Eis-me aqui, disposto a deixar-me conduzir só por Ti,
para que o meu amor seja autêntico,
e o meu servir generoso,
pois só assim os meus gestos
podem ser sinal da Tua paterna compaixão.

segunda-feira, março 19, 2007

É no silêncio que tantas vezes Te procuro e não Te encontro...(Solenidade de S. José)

«O silêncio de São José não manifesta um ”vazio interior” mas, pelo contrário, a plenitude da fé que traz no coração e que guia cada um dos seus pensamentos e cada uma das suas acções», declarou Bento XVI.(...)Deixemo-nos “contaminar” pelo silêncio de São José; temos muita necessidade dele, num mundo muitas vezes demasiado ruidoso, que não favorece o recolhimento e a escuta da voz de Deus». O Papa propôs aos fiéis que estabelecessem uma espécie de «diálogo espiritual com São José, para que ele nos ajude a viver em plenitude este grande mistério da fé».(...)«Um silêncio, graças ao qual, José em uníssono com Maria, conserva a palavra de Deus, descoberta através das Sagradas Escrituras, confrontando-a continuamente com os acontecimentos da vida de Jesus; um silêncio tecido de oração constante, de oração de louvor ao Senhor, de adoração da Sua santa vontade e de abandono sem reservas à Sua providência».(...)«Não é exagerado pensar que foi do seu “pai” José que Jesus aprendeu, no plano humano, esta robusta interioridade, premissa da justiça autêntica, a “justiça superior” que um dia ensinará aos seus discípulos».

(Bento XVI, Angelus de Domingo, 18 de Dezembro de 2005)

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O silêncio é hoje mais desejado do que nunca. Todos vamos percebendo que só um coração em silêncio pode ser um coração à escuta...disponível...mas será o silêncio simplesmente calar-se?...Quem não se dispõe a escutar dificilmente estará disponivel para se comprometer, para dar a vida, para amar. Quais sãos os “ruídos interiores” que me impedem hoje de escutar a voz de Deus?...

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Deus de toda a consolação,
É no silêncio que tantas vezes Te procuro e não Te encontro...
Eu sei que me falas, que me amas,
Mas sabes, Senhor,
são muitas as vozes que ainda me habitam,
Essas muitas vezes sobrepõem-se à Tua,
ao Teu projecto para mim.
Por isso aqui estou,
Ò Deus que me falas no silêncio do coração,
Para ouvir, como outrora Elias,
A tua voz na brisa suave,
Que me diz com ternura e compaixão:
“Permanece em mim...”


aqui me tens como o filho que regressa a casa (Dom IV - Quaresma)

Quero que saibas que cada vez que me convidas, eu venho sempre, sem falta. Venho em silêncio e de forma invisível, mas com um poder e um amor que não acabam.
Não há nada na tua vida que não tenha importância para mim. Sei o que existe no teu coração, conheço a tua solidão e todas as tuas feridas, as tuas rejeições e humilhações. Eu suportei tudo isto por causa de ti, para que pudesses partilhar a minha força e a minha vitória. Conheço, sobretudo, a tua necessidade de amor.
Nunca duvides da minha misericórdia, do meu desejo de te perdoar, do meu desejo de te bendizer e viver a minha vida em ti, e que te aceito sem me importar com o que tenhas feito. Se te sentes com pouco valor aos olhos do mundo, não importa.
Não há ninguém que me interesse mais no mundo do que tu.
Confia em mim. Pede-me todos os dias que entre e que me encarregue da tua vida e eu o farei. A única coisa que te peço é que confies plenamente em mim. Eu farei o resto.
Tudo o que procuraste fora de mim só te deixou ainda mais vazio. Portanto, não te prendas às coisas passageiras. Mas, sobretudo, não te afastes de mim quando caíres. Vem a mim sem demora, porque quando me dás os teus pecados, dás-me a alegria de ser o teu Salvador. Não há nada que eu não possa perdoar.
Não importa o quanto tenhas andado sem rumo, não importa quantas vezes te esqueceste de mim, não importa quantas cruzes levas na tua vida.
Tu já experimentaste muitas coisas, no teu desejo de seres feliz. Porque é que não experimentas abrir-me o teu coração, agora mesmo, mais do que antes?

(A Oração do Pobre - Madre Teresa de Calcutá)
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Converter-se”... Quantas vezes este não é um refrão que repetimos sem qualquer consequência na nossa vida quotidiana. A nossa conversão tem como meta a alegria de estar em Deus e com Ele, a alegria da Santidade. O que significa para mim “Converter-se”? e Santidade?...
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Senhor,
aqui me tens como o filho mais novo que regressa a casa
depois de ter andado longe, afastado, distante...
Também eu penso agora o que dizer-Te, como dizer-Te,...
sabes, às vezes parece que o meu amor por Ti tem medo, é estranho...
como se diante da misericórdia eu tivesse que temer alguma coisa.
Por isso, Deus de bondade infinita,
envolve-me num terno e suave abraço,
e faz-me sentir, como ao pródigo,
a certeza da Tua ternura, misericórdia e compaixão,
a certeza de que na Tua mesa estará sempre
um lugar reservado para mim, o filho que às vezes se afasta...

Não estou disposto a acreditar...(Sábado III Quaresma)

Não estou disposto a acreditar:
num Deus que ame o sofrimento e não a alegria;
num Deus que se deixe vender;
num Deus que se constitui monopólio de uma igreja, de uma raça, de uma cultura, de uma casta;
num Deus árbitro que julgasse sempre com o regulamento na mão;
num Deus que se arrependesse de ter concedido a liberdade ao ser humano;
num Deus que tivesse constituído uns discípulos desertores das tarefas do mundo
e indiferentes à história;
num Deus que defendesse apenas os interesses do além;
num Deus a quem apenas se Lhe podia rezar de joelhos
ou a quem apenas se Lhe podia encontrar nas igrejas;
num Deus que honra os que vão à missa e, depois, logo roubam;
num Deus que colocasse a lei sobre a consciência;
num Deus que tivesse preferência pelos ricos;
num Deus a quem uns poucos amam porque não amam a ninguém;
num Deus que fosse capaz de fazer eternamente felizes aqueles que passaram pela terra sem fazer ninguém feliz.
... O meu Deus é ‘outro Deus’!

(Juan Arias)


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Fazer caminho implica sempre dispor-se a avaliar, a rever, a perspectivar os passos seguintes. Neste tempo de conversão a Deus é tempo também de rever o caminho já trilhado. O que mudou? Como mudou?...
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Senhor,
aqui estou diante de Ti, o Senhor da vida e da história.
Hoje pedes-me humildade, coerência, verdade,
e como Teu discípulo não queres que a minha relação contigo
se esgote nas palavras,
ainda que bonitas ou elaboradas,
pedes-me que elas se tornem vida, testemunho...
ajuda-me Senhor a libertar-me da ilusão
de tantas vezes falar mais sobre Ti do que contigo,
ajuda-me a ser dos “últimos”, pequenino...
ajuda-me a viver sempre como discípulo
e nunca como mestre
para que todos os meus passos
sejam reflexo de que só a Ti escuto e sirvo
...só Tu me conduzes.

sexta-feira, março 16, 2007

Deus ama-te antes que O ames...


O coração humano é frequentemente invadido por um medo secreto: o castigo de Deus. Pensar que Deus pune o ser humano é um dos maiores obstáculos à fé. Para quem vê Deus como um juiz tirano, São João relembra com palavras de fogo: “Deus é amor. Foi Ele quem nos amou primeiro. Amemos pois respondendo ao seu amor.
Tudo começa aí: deixar-se amar por Deus. Mas não é assim tão simples...por que é que alguns cristãos têm tanta dificuldade em acreditar que são amados? Lamentam-se: Deus perdoa aos outros, mas não me perdoa a mim. Assaltados por um sentimento de culpabilidade incompreensível, querem recomeçar por se perdoar a si próprios. Como não conseguem, por vezes tentam fugir a esta opressão, acusando outros, fazendo uso dessa arma tão cruel da culpabilização e da suspeita.
Se amar Deus implicasse o medo dum castigo, isso já não seria amar. Cristo não nos quer ébrios de culpabilidade, mas cheios de perdão e de confiança.
O coração do ser humano é por vezes muito severo porque não se deixa revestir pela compaixão de Deus. Deus nunca é um algoz da consciência humana. Em sua bondade, embeleza e tece a nossa vida com o fio do seu perdão. Deus esconde o nosso passado no coração de Cristo e ocupa-se do nosso futuro. A certeza do perdão é a realidade do Evangelho mais extraordinária, mais inacreditável, mais generosa – é a liberdade incomparável.
Deus ama-te antes que O ames. Pensas que não esperas Deus e deus espera-te. Dizes: “não sou digno” e Deus põe-te no teu dedo o anel do filho pródigo. Esta é a mudança radical do Evangelho.


(Irmão Roger - Comunidade de Taizé)


Deus é amor. Esta é uma frase que frequentemente repetimos. Nela se resume todo o Evangelho. Neste tempo de conversão ao Deus de amor é bom perguntarmo-nos:Creio realmente que Deus é amor? Em que sinais, gesto ou palavras é que esta realidade se expressa na minha vida?...




Deus de misericórdia,
Deus dos santos e dos pródigos,
Hoje venho a Ti para saciar a minha sede de perdão
Na fonte de eterna salvação que é o Teu Filho Jesus.
Venho sem medo e sem máscaras,
Quero estar contigo e em Ti,
Num silêncio que aquieta os meus medos
E que com doçura me vai transformando.
Estou aqui contigo e rezo balbuciando:
Ó Deus,
"confiando na Tua Misericórdia,
avanço na vida como uma criança,
E cada dia Te ofereço o meu coração
Inflamado de amor para a tua maior glória"
(Ir. Faustina Kowalska)

sexta-feira, março 09, 2007

Sexta-feira II Quaresma 2007

Filho, se queres servir o Senhor, prepara-te para a provação.
Endireita o teu coração e sê constante,
não te perturbes no tempo do infortúnio.
Conserva-te unido a ele e não te separes.

(cf. Ben Sirá 2,1-11)

O sofrimento em si mesmo não vale nada. Mas o sofrimento unido à Paixão de Cristo torna-se um dom maravilhoso, um sinal do seu amor, porque esta foi a maneira como o Pai provou o seu amor pelo mundo: ao dar-nos o seu Filho para que Ele morresse por nós.
Se aceitarmos o sofrimento unindo-nos à Paixão de Cristo, ele poderá ser uma fonte de alegria. Lembremo-nos que a Paixão de Cristo termina sempre com a alegria da sua Ressurreição. Assim, sempre que experimentais no vosso coração o sofrimento de Cristo, lembrai-vos que a ressurreição vem a seguir e, com ela, a alegria da Páscoa. Não vos deixeis nunca entristecer de tal modo que vos esqueçais da alegria de Cristo Ressuscitado.
Esperamos todos com impaciência o paraíso onde Deus se encontra; mas nós podemos, se quisermos, estar com Ele no paraíso já no momento presente, podemos ser felizes com Ele agora mesmo. Mas isso implica amar como Ele ama; ajudar como Ele ajuda; dar como Ele se dá; servir como Ele serve; socorrer como Ele socorre.
(Madre Teresa de Calcutá)
Dá(r) que pensar...

O amor gratuito e a cruz são os sinais pelos quais hão-de reconhecer que somos discípulos de Cristo… Isto significa que cada gesto ou palavra no dia a dia deve levar a marca da humildade e ser realizado com paixão.
E eu, como acolho na minha vida o mistério do sofrimento? E que interpelações me faz o sofrimento e a angústia com que hoje vivem tantos homens e mulheres?...

Pão para o caminho...

Senhor,
Eis-me aqui diante da Tua cruz.
Sabes, nem sempre é fácil acolher
Este grande mistério da Tua entrega,
deste amor que desconcerta a inteligência
E que comove o coração…
Por isso, Senhor,
Hoje aqui me tens para Te pedir:
Ajuda-me a compreender que só chegarei
à plenitude da vida
Se também eu morrer vezes sem conta para o meu egoísmo…
Ensina-me a viver como um pequeno grão de trigo
Que tem de morrer para que o fruto possa despontar,
Pois só assim poderei experimentar
A alegria de ressuscitar contigo.

Quinta-feira II Quaresma 2007

Por isso recomendo-te que reacendas o dom de Deus que se encontra em ti, pela imposição das minhas mãos, pois Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de bom senso.
(cf. 2 Tim 1,6-14)

Para Jesus, ser seu discípulo supõe segui-l’O, andar com Ele, partilhar a Sua vida, identificar-se com Ele em tudo. O discípulo não se deixa atrair apenas pela beleza de uma doutrina, mas pela pessoa de Jesus. O Evangelista São Marcos, referindo-se à vocação dos doze Apóstolos diz que Jesus “instituiu doze para andarem com Ele” (Mc. 3,14). O discípulo supõe uma comunhão de vida.
Cristo escolhe os seus próprios discípulos. Aos que já O seguiam, Jesus lembra: “Não fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi…” (Jo.15,16). Essa escolha concretiza-se num convite, tantas vezes repetido: tu vem e segue-Me (cf. Mc. 1,17-20; Jo. 1,38-50). É um mistério insondável o critério com que Jesus escolhe os seus discípulos e os convida a seguirem-n’O. O segredo está, como em tudo na vida de Jesus, na sua relação com o Pai. O Senhor chama aqueles que o Pai atraiu: “Ninguém vem a Mim se o Pai, que Me enviou, não o atrair” (Jo. 6,44). Para Jesus isso parece claro: os seus discípulos são aqueles que o Pai lhe dá. É vontade do Pai que Jesus partilhe com eles a vida e lhes seja fiel nesse dom da vida. Referindo-se a eles como as Suas ovelhas, Jesus diz: “dar-lhes-ei a vida eterna; elas não perecerão e ninguém as arrancará da minha mão. O Pai que mas deu é maior que todos e ninguém pode arrancar nada da mão do Pai” (Jo. 10,28-29). A Santíssima Trindade aparece sempre envolvida na realização terrena da missão salvífica de Jesus.
Porque a vontade do Pai é que Jesus comunique aos discípulos a vida, seguir Jesus é receber d’Ele a vida, identificar-Se com Ele, imitá-l’O na radicalidade da Sua fidelidade. Reside aí a exigência do discipulado, que Jesus não esconde quando chama: “chamando a multidão ao mesmo tempo que os seus discípulos, disse-lhes: «Se alguém Me quiser seguir, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me” (Mc. 8,34). O discípulo partilha o destino do Mestre: além de carregar com a Sua cruz, deve beber o mesmo cálice (Mc. 10,38) e receber o Reino (cf. Mt. 19,28ss). Entre Jesus e os discípulos gera-se, progressivamente, uma comunhão de vida, que dá à relação entre o Mestre e o discípulo uma dimensão de eternidade.

(D. José Policarpo, 28 Março 2004)


Dá(r) que pensar...
Seguir Jesus, ser seu discípulo…Ser introduzido por Ele na intimidade de Deus, eis o projecto de vida a que Deus nos convida. Neste tempo de conversão a Deus quais são os aspectos mais positivos neste caminho já trilhado? Sou realmente um discípulo a seguir o Mestre?...

Pão para o caminho...

Senhor Jesus,
fogo de amor e Pão da Vida,
Tu quiseste ficar no meio de nós
Para que não nos sentíssemos órfãos,
Mas pudéssemos experimentar quotidianamente o Amor.
Neste itinerário para a Páscoa,
Hoje convidas-me a redescobrir o dom de ser teu discípulo…
Na gratidão das palavras
vai também o silêncio de um coração
que dia a dia te repete como Agostinho:
“Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e sempre nova! Tarde Te amei!
Estavas dentro de mim, mas eu procurava-te lá fora.
Mas a força da Tua voz quebrou a minha surdez.
Tocaste o meu coração e comecei a andar no desejo da tua paz.”

Quarta-feira II Quaresma 2007

Perdoa ao teu próximo o mal que ele te fez.
Pois, se um homem guarda rancor contra outro,
como poderá pedir a Deus que o cure?
(cf. Ben Sirá 27,30-28,7)

Procurar a reconciliação e a confiança exige uma luta dentro de si mesmo. Não é um caminho de facilidade. Nada de grade, de durável se constrói com facilidade. O espírito de reconciliação não é ingénuo, mas é alargamento do coração, profunda bondade, não escuta as suspeitas. Em meados do século XX, um homem chamado João teve uma intuição límpida, o sonho da reconciliação dos cristãos. Ao anunciar o Concílio, João XXIII disse em Janeiro de 1959: “Não faremos um processo histórico, não procuraremos saber quem errou e quem teve razão, apenas propomos: reconciliemo-nos!”. (…) A reconciliação nunca é preguiçosa. Para o Evangelho, ela é imediata. Não perde o seu tempo a elaborar um processo de intenções. Está atenta para não dramatizar as situações. Podemos ter o dom de falar em nome de Deus, uma fé que move montanhas, mas se não tivermos amor, isso não serve de nada.
Não amas aqueles que te amam? Todos são capazes de fazer isso, sem ter necessidade de conhecer o Evangelho. Jesus Cristo chama-nos a amar mesmo aqueles que nos fazem mal e a rezar por eles. Quando rezamos por eles e nada parece acontecer, a nossa oração não é atendida? Não há oração sem realização. Quando confiamos a Deus aqueles que nos feriram, talvez alguma coisa se venha a modificar neles, mas nesse momento o nosso próprio coração já está no caminho da paz.
Ferido, humilhado, quem iria até ao limite das suas forças para perdoar e perdoar de novo? Aqui está o amor extremo. Não há milagres na terra? O amor que perdoa é um milagre.
(Irmão Roger Schutz, Comunidade ecuménica de Taizé )

Dá(r) que pensar...

O Evangelho convida-nos diariamente a deixarmo-nos inundar pelo perdão de Deus para que, saradas as nossas feridas mais profundas, possamos também ir ao encontro de todos os que anseiam pelo perdão, pela paz de coração.
E tu, és daqueles que abrem caminhos de tranquilidade e de reconciliação?...

Pão para o caminho...

Senhor Jesus,
Tu vieste não para julgar o mundo,
Mas para que, através da Tua Ressurreição,
O mundo soubesse que Deus nos ama e quer salvar-nos.
Por isso, Senhor,
Hoje venho a Ti para Te pedir
Que inundes o meu coração
Com sentimentos de reconciliação e de paz,
De perdão e de unidade…
Ajuda-me com a força do Teu Espírito santificador
a vencer a tentação de olhar os outros a partir do preconceito,
a perdoar sobretudo aqueles que me ferem e humilham,
a perdoar sempre, mesmo quando achar que já não vale a pena,
Para que, marcado pela Tua infinita misericórdia,
eu possa ser no mundo sinal de consolação, proximidade e perdão…

Terça-feira II Quaresma 2007

Como bons administradores das várias graças de Deus,
cada um de vós ponha ao serviço dos outros o dom que recebeu.

(cf. 1 Ped 4,7-11)

A comunhão fruto do Espírito Santo é alimentada pelo Pão eucarístico (cf. 1 Cor 10, 16-17) e exprime-se nas relações fraternas, numa espécie de antecipação do mundo futuro. Na Eucaristia, Jesus alimenta-nos, une-nos a Si, com o Pai, o Espírito Santo e entre nós, e esta rede de unidade que abraça o mundo é uma antecipação do mundo futuro neste nosso tempo. Precisamente assim, sendo antecipação do mundo futuro, a comunhão é um dom também com consequências muito reais, que nos faz sair das nossas solidões, dos fechamentos em nós mesmos, e nos torna partícipes do amor que nos une a Deus e entre nós.
É fácil compreender como é grande este dom, se pensarmos nas fragmentações e nos conflitos que afligem os relacionamentos entre os indivíduos, os grupos e inteiros povos. E se não existe o dom da unidade no Espírito Santo, a fragmentação da humanidade é inevitável. A "comunhão" é verdadeiramente a boa nova, o remédio que Deus nos doou contra a solidão, que hoje ameaça todos, o dom precioso que nos faz sentir acolhidos e amados em Deus, na unidade do seu Povo reunido no nome da Trindade; é a luz que faz resplandecer a Igreja como sinal elevado entre os povos: "Se dizemos que temos comunhão com Ele, mas caminhamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Pelo contrário, se caminhamos na luz, com Ele, que está na luz, então temos comunhão uns com os outros" (1 Jo 1, 6 s). A Igreja revela-se assim, apesar de todas as fragilidades humanas que pertencem à sua fisionomia histórica, uma maravilhosa criação de amor, feita para aproximar Cristo de cada homem e mulher que queira verdadeiramente encontrá-lo, até ao fim dos tempos. E na Igreja, o Senhor permanece sempre nosso contemporâneo. A Escritura não é uma coisa do passado. O Senhor não fala no passado, mas no presente, fala hoje connosco, dá-nos luz, mostra-nos o caminho da vida, dá-nos comunhão e assim nos prepara e abre para a paz.

(Bento XVI, 29 Março 2006)

Dá(r) que pensar...

Ser sinal de comunhão na partilha fraterna dos dons recebidos é o desafio que o Senhor sempre nos faz. A comunhão com Deus e a comunhão fraterna não são uma utopia. Um coração disposto a amar, a servir, é já um coração em comunhão, em sintonia...
No meu dia a dia com que gestos é que torno real/visível esta comunhão com Deus e com os irmãos?...

Pão para o caminho...

Senhor,
Eis-me aqui diante de Ti como em tantas outras vezes...
hoje não quero dizer-Te muitas coisas
Venho para estar conTigo no silêncio,
na simplicidade de quem quer escutar para poder amar,
na humildade de quem reconhece que cada passo dado
compromete, desafia e entusiasma a dar mais passos...
Olho o futuro e vejo-o marcado pela esperança,
vejo-o como um tempo que me dás
para ser tudo em Ti e todo para Ti,
e, por isso,
aqui me tens prostrado diante de Ti,
para que me fales ao coração, me preenchas com o Teu amor,
E me leves a ter a coragem de, em cada dia,
percorrer sem medo os trilhos dos homens e mulheres deste tempo
que anseiam por sentido, serenidade, profundidade e alegria...

Segunda-feira II Quaresma 2007

Jesus disse: Não vos preocupeis quanto à vossa vida. Quem de vós, com inquietar-se, pode acrescentar um côvado à extensão da sua vida?
(cf. Lc 12,22-31)


Agradecer a Deus pelas coisas boas que acontecem na vida é fácil, mas agradecer por tudo na nossa vida - tanto pelas coisas boas como pelas ruins, pelos momentos de alegria e pelos de tristeza, pelos sucessos e pelas falhas, pelas recompensas e pelas rejeições - requer muito trabalho espiritual.
Só seremos pessoas que vivem verdadeiramente a gratidão quando pudermos agradecer por todas as coisas que nos conduziram até ao momento presente. Enquanto dividirmos a nossa vida entre eventos e pessoas que gostaríamos de lembrar e aqueles que preferiríamos esquecer, não poderemos pensar na plenitude do nosso ser como dom de Deus pelo qual devamos ser gratos.
Não tenhamos medo de olhar para tudo o que nos trouxe para onde estamos agora e confiar que, em breve, veremos nisso a mão condutora de um Deus amoroso.

(Henri Nouwen)

Dá(r) que pensar...

Às vezes andamos de tal forma ansiosos, nervosos, que aquilo que mais nos preocupa é “o que não tivemos”, “o que não fizemos”, “o que não fomos”...Hoje Jesus desafia-nos a viver a vida em atitude de profunda gratidão quer pelo caminho andado, quer pelo caminho que ainda falta percorrer.
A minha relação com Deus manifesta já esta atitude profunda da gratidão ou, pelo contrário, ainda “regateio o amor”?...

Pão para o caminho...

Senhor,
Muitas vezes dou por mim olhar a vida de uma perspectiva estatística,
A fazer contas do que já amei ou fui amado,
Do que dei ou do que me deram...
Enfim, a perceber se “o saldo da minha vida” é positivo ou negativo.
É por tudo isso que hoje venho a Ti,
Ao rever o caminho andado,
Neste tempo de graça e de retorno a Ti,
Vejo-me muitas vezes a “regatear o amor”,
A pensar “narcisisticamente” que sou eu
quem deve decidir quando é “o momento mais oportuno” para amar, servir,...
por todas essas vezes,
em que o Teu amor não foi mais forte em todas as minhas opções,
eu Te peço com o coração, a inteligência e a vontade:
Filho de Deus, tem Misericórdia de mim.



Domingo II Quaresma 2007

Levando Consigo Pedro, João e Tiago, Jesus subiu ao monte para orar. Enquanto orava, modificou-se o aspecto do Seu rosto e formou-se uma nuvem que os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que disse: Este é o Meu Filho dilecto, escutai-O.

(cf. Lc 9,28-36)

Olhar o rosto de Jesus crucificado é abrir-se ao insondável amor com que Deus nos ama. Porque a morte de Jesus, o Filho de Deus, é a mais radical expressão do amor de Deus por nós, contemplar o Crucificado é o caminho mais directo para nos abrirmos a esse amor infinito. Também aí, sobretudo aí, Cristo é o caminho para o Pai.
Que Deus nos ama, é objecto da nossa fé. Começamos por acreditar nesse amor. Mas o amor de Deus por cada um de nós pode tornar-se experiência vivida e mesmo sentida. A generosidade absoluta desse amor comove-nos; a ânsia que Deus manifesta de nos amar e de receber o nosso amor, desperta dinamismos profundos, escondidos no nosso coração. Não é só Deus que se sente atraído por nós; no mais íntimo de nós mesmos sentimo-nos atraídos por Deus e essa é uma atracção de amor. A dimensão esponsal com que as imagens bíblicas nos apresentam o amor de Deus pelo seu Povo, revela-nos o mais profundo desejo de Deus: ser comunhão connosco. Para o conseguir, enviou o seu Filho, isto é, deu-no-l’O para nos amar com um amor humano, que é divino, e dar a maior prova de amor, deixar-se amar por nós.
Ao preparar a Páscoa deste ano, não desviando o olhar do rosto de Cristo crucificado, identifiquemos todos os sinais da nossa atracção por Deus, demos-Lhe o nosso amor manifestado em gestos simples de vida, que vão da adoração ao amor fraterno, e demos, neste tempo, à Cruz do Senhor um lugar especial na nossa vida, com muita gratidão e de ternura. E nunca esqueçamos que amá-l’O é cumprir a sua vontade obedecendo aos seus mandamentos, pois há formas de viver que abafam em nós essa experiência do amor de Deus.

(D. José Policarpo, Mensagem Quaresma 2007)

Dá(r) que pensar...
Hoje é Domingo. A Igreja reúne-se para celebrar o dom da Vida nova eterna que nos é oferecida em Jesus, uma Vida Transfigurada! Hoje a Palavra convoca-nos a contemplar Jesus, Deus pede-nos que O escutemos. E eu, como respondo a este apelo de Deus?...

Pão para o caminho...


Senhor,
Hoje venho a Ti
Com todos os meus irmãos
que desejam ver-Te, tocar-Te, contemplar-Te,
Trago-Te todos aqueles que se sentem “indignos de Ti”...
Aqueles e Aquelas que em vez de verem transfigurada a sua existência
A vêem denegrida, explorada, maltratada...
Estes querem escutar-Te e amar-Te,
Mas, tal como eu,
Também muitas vezes não sabem como, de que forma, onde...
Dá-nos, Senhor,
A graça de Te desejarmos acima de todas as coisas,
De Te amarmos com todo o nosso coração
E de Te adorarmos como O único
Que dá razão de ser a cada amanhecer, a cada instante, a cada vida...

Sábado I Quaresma 2007

Os que olham para Deus ficarão radiantes,
no seu rosto já não haverá amargura.
(Salmo 34)

O que podemos dizer sobre o amor de Deus? Podemos dizer que ele é incondicional. Deus não diz “eu amo-te se...”. Não há nenhum “se” no coração de Deus. O Seu amor por nós não depende do que fazemos ou dizemos, da nossa aparência ou inteligência, do nosso sucesso ou popularidade. O amor de Deus por nós existiu antes do nosso nascimento e existirá depois da nossa morte. Ele dura por toda a eternidade e não está ligado a nenhum evento relacionado com o tempo ou circunstâncias. Isso significa que Deus não se preocupa com o que fazemos ou dizemos? Não, porque o Seu amor não seria real se Ele não se preocupasse. Amar sem condição não significa amar sem preocupação. Deus deseja relacionar-se connosco e quer que o amemos em troca.
Ousemos entrar em íntimo relacionamento com Deus sem medo, confiantes de que receberemos amor e sempre mais amor.
(Henri Nouwen)
Dá(r) que pensar...
O amor de Deus, por todos e cada um de nós, reconcilia, traz a novidade do amor a uma vida amargurada, egoísta...é neste contexto que Deus se revela em Jesus como um “esbanjador de misericórdia”. Diante de tudo isto sou interpelado a questionar-me: Como vai a minha relação com o sacramento da reconciliação?...

Pão para o caminho...

Senhor,
Hoje venho a Ti
Com todos os meus medos,
Angústias e fragilidades...
Sabes, eu sei que Tu és perdão,
Mas há tantas vezes em que sinto medo
de me reconciliar contigo e com os irmãos...
como se tivesse que ter medo do Amor!
É por isso, Senhor, que estou aqui
Venho uma vez mais a Ti para Te pedir:
Toca-me com a Tua graça e misericórdia,
Para que eu reconheça com verdade as minhas fragilidades
E como tantos outros ao longo das estradas da Galileia
Eu clame com fé:
Filho de Deus, tem misericórdia de mim.

Sexta-feira I Quaresma 2007

O Senhor encontrou o seu povo numa terra árida, num deserto solitário.
Cercou-o, cuidou dele e guardou-o, como se fosse a menina dos seus olhos.
(cf. Deut 32,8-11)
Como se nos manifesta o Deus-Amor? Estamos no segundo momento do nosso itinerário. Mesmo se já na criação são claros os sinais do amor divino, a revelação total do mistério íntimo de Deus verificou-se com a Encarnação, quando o próprio Deus se fez homem. Em Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, conhecemos o amor em todo o seu alcance. De facto, "a verdadeira novidade do Novo Testamento escrevi na Encíclica Deus caritas est não consiste em ideias novas, mas na própria figura de Cristo, que dá carne e sangue aos conceitos um realismo extraordinário" (n. 12). A manifestação do amor divino é total e perfeita na Cruz, onde, como afirma São Paulo, "é assim que Deus demonstra o seu amor para connosco: quando ainda éramos pecadores é que Cristo morreu por nós" (Rm 5, 8). Portanto, cada um de nós pode dizer sem receio de errar: "Cristo amou-me e entregou-se a Si mesmo por mim" (cf. Ef 5, 2). Redimida pelo seu sangue, vida humana alguma é inútil ou de pouco valor, porque todos somos amados pessoalmente por Ele com um amor apaixonado e fiel, um amor sem limites.
(Bento XVI Mensagem JMJ 2007)



Dá(r) que pensar...

Neste itinerário para a Páscoa cada dia é uma provocação a dar passos, a voltar a Deus. O que mudou desde o inicio desta quaresma? Onde é que já houve conversão? Sinto-me a ser guiado e amado por Deus?...


Pão para o caminho...
Senhor,
Hoje venho a Ti para dar graças
Pelo dom de sermos o Teu povo,
Aquele Povo que não abandonas ao acaso
Mas que amparas, cuidas, proteges, amas...
Nem sempre é fácil reconhecer que é no meio deste Povo,
Escolhido, amado e enviado,
Que eu devo dar passos concretos...
Às vezes acho que é melhor caminhar sozinho,
Que só eu é que sei o rumo,
só eu é que tenho força para chegar à meta...
Hoje, venho a Ti, Senhor,
Para te pedir perdão
Por todas aquelas vezes em que, para os meus irmãos e irmãs,
eu não fui solidário no tempo da festa e consolação no tempo da dificuldade...

Quinta-feira I Quaresma 2007

Luta no bom combate da fé;
faz por conquistar a vida eterna, para a qual foste chamado.
(cf. 1 Tim 6,11-16)

Jesus Cristo é um caminho simples e acessível para todos os que buscam Deus, porque é um caminho humano; a Sua palavra é uma palavra humana, o amor a que nos convida é um amor humano, que n’Ele tem a densidade do amor absoluto, que vive na intimidade do seu amor filial com Deus Pai. Amando Jesus Cristo, nós experimentamos que o amor é um só, que não há uma fronteira intransponível entre o amor humano e o amor divino.
Caminho ao nosso alcance! O evangelista São João exprime esta especificidade do caminho cristão para chegar a Deus, logo no início do seu Evangelho: “Nunca ninguém viu Deus; o Filho Único que está no seio do Pai deu-O a conhecer” (Jo 1,18) […] Jesus torna Deus mais próximo e acessível. E essa proximidade proporciona aos homens criarem intimidade com Deus, pois esse é também o grande desejo de Deus, que levou a que o seu próprio Filho encarnasse e se fizesse homem. Ao revelar-nos a sua intimidade filial com Deus Pai, Cristo abre-nos as portas à filiação divina, onde experimentaremos, também nós, essa intimidade filial com Deus. Ouçamos, ainda, o testemunho do Apóstolo São João: “A quantos O receberam, aos que n’Ele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo. 1,12).
Esta é a grande surpresa existencial da fé cristã: ao sentirmo-nos filhos de Deus, tudo muda na nossa vida. É como se nascêssemos de novo, como se uma vida nova nos fosse dada, participação da vida nova do Ressuscitado. Esse é o testemunho de Deus acerca de seu Filho: “Deus deu-nos a vida eterna e esta vida está no seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida, quem não tem o Filho não tem a vida” (1Jo. 5,11-12).
(D. José Policarpo, 7 Março 2004)
Dá(r) que pensar...

Eternidade…Vida eterna… Um horizonte de vida que me lança na intimidade de Deus. Um desafio a perceber que em Cristo sou convidado a “nunca sair de Deus”.
O que significa para mim “vida eterna”?...Sou um “buscador do eterno”? Os meus gestos semeiam eternidade no tempo?...



Pão para o caminho...

Senhor Jesus,
Rosto terno e misericordioso de Deus,
Hoje venho a Ti com poucas palavras,
Venho sobretudo para Te agradecer…
No imenso amor que me tens,
e que tens a todos os Teus irmãos e irmãs,
Quiseste presentear-me com o dom da eternidade.
Tu que escancaraste as portas da eternidade,
E assim revelaste a intimidade de Deus,
Chamas-me agora a semear eternidade no tempo.
Eis-me aqui,
Serena e confiadamente
entrego-Te a minha vontade e o meu coração,
são inteiramente teus,
para que, revestidos da Tua ternura e consolação,
possam ser no tempo sinal da Vida plena…


Quarta-feira I Quaresma 2007


Feliz o homem que não se desiludiu da sua esperança.
Para quem será bom aquele que é mau para si mesmo?
(cf. Ben Sirá 14,1-6.14-16)


Poderá a fé subsistir sem a esperança? Infelizmente é essa, tantas vezes, a nossa situação de crentes. Sempre que adiamos a conversão, hesitamos na resposta a dar às interpelações do Espírito, deixamos para amanhã a nossa fidelidade ou recusamos um chamamento que Deus nos dirige, na Igreja, num primeiro momento, o que falha não é a nossa fé, mas a prontidão da nossa esperança...Mas se a nossa fé permanecer longo tempo sem a coerência da esperança, ela própria acabará por enfraquecer, naquela luz que nos faz sentir atraídos pela promessa. É que a fé, sem esperança, afasta-se também da caridade, pois é a esperança que mediatiza a caridade.
(D. José Policarpo)

Dá(r) que pensar...

Esperança…esperar…Para muitos a esperança, ou o esperar, é apenas e só um sinal de resignação de quem cruzou os braços e se limita a viver acriticamente a realidade quotidiana. A esperança cristã não é uma alienação! Ela é um “grito comprometido” de que é possível, neste que é o nosso tempo e o nosso mundo, ser feliz segundo a proposta do Evangelho de Cristo Jesus.
Em quem espero? Como espero? Com quem espero?...



Pão para o caminho...

Senhor Jesus,
Fonte de esperança e de vida nova,
Hoje venho a Ti trazendo-te todos aqueles que já não sabem esperar,
Que já não querem esperar, que preferem viver uma vida superficial,
Vazia, sem sentido…
Sabes, às vezes também eu, diante da realidade do mundo
e dos homens e mulheres deste tempo,
desespero, revolto-me, angustio-me…Quantas vezes também eu não sei esperar!
Hoje estou aqui,
com a minha inteligência e o meu coração,
para que sejas Tu a ensinar-me a saber esperar em Ti.
Ensina-me, Senhor, a ver todo o tempo e todas as situações
Como um tempo de profecia, de promessa, de novidade.
Ensina-me a olhar o passado com serenidade,
o presente com humildade
E o futuro com aquela esperança que não desilude…