sábado, dezembro 16, 2006

“a Menina que vê mais longe”...

"Lá nos encontrámos uma vez mais..."
Assim começa mais uma bela história da minha vida. é a história de mais um encontro que me marcou.
Fui para celebrar o natal com elas, sabia que alguém queria conversar comigo antes e celebrar o encontro com o "Deus esbanjador de misericórdia" no sacramento da reconciliação. Assim aconteceu.
Começou a festa: jantar melhorado, sinais exteriores de festa, grande algazarra na casa...foi então que depois disto subimos à sala de cima, e não é uma metáfora bíblica para aludir á ultima ceia, foi assim de facto. Subimos para no piso superior celebrarmos a eucaristia, o encontro com o Deus da simplicidade, da ternura, com o Deus-Connosco.
ela entrou, discreta como sempre...fixei nela o olhar...algo se passava...mais do que estar triste ela tinha a tristeza no olhar, o peso dos dias ou noites mal dormidas e mal amadas, trazia no olhar a marca da cruz e da dor, um olhar triste e perturbado, inquieto...distraído e confuso! Assim estava "a menina dos olhos tristes" (vamos chamar-lhe assim!).
no fim da eucaristia prendas para todos, oferta da casa. todas começavam a sair e eu chamei-a pelo nome: "..., podes chegar aqui!". por momentos senti que ela paralisou...talvez para ela tenha parado o mundo...ou se calhar talvez agora ele tivesse começado a girar...
Disse-lhe: "estou aqui! se quiseres falar sobre os teus olhos tristes...estou disponível para te ouvir", e acrescentei: "lembras-te do livro que te prometi? trouxe-o comigo, chama-se "o caminho da imperfeição", é a tua prenda de Natal”.
Naquele momento senti, embora a medo, que ela se tornou um barco que levantou a âncora e agora queria começar uma viagem: não para longe ou perto, mas para dentro"...lá nos sentámos...falámos muitos (eu procurei sobretudo ouvir!).
Ela estava um pouco atrapalhada pois não sabia bem se tratar-me por “tu” se por “sr. Padre”, no meio da confusão lá decidimos que o “sr.” É outro e que eu não sou mais do que um irmão, daí que o tu seja o mais acertado!
Entre alguns desânimos, algumas angústias e medos, lá fomos lendo o livro da vida...disse-me que já nem tinha força para chorar...que para ela já não havia solução...estranhamente quando falava das coisas simples e belas, das histórias de cumplicidade e de ousadia, esboçou um sorriso, mais adiante outros... chorou também breves lágrimas, pouco mais que duas, enquanto partilhava o vazio, o medo,...no final de tudo dei-lhe então um abraço demorado e terno, disse-lhe que estava disposto a fazer caminho com ela...e a “menina dos olhos triste”, com um ar confiante de uma “criança que começa a dar os primeiros passos” lá me disse: “vamos tentar! Vou tentar!”. Cá fora já alguém nos esperava. No frio da noite (ou melhor, do dia que já tinha começado há algum tempo!) ela foi descansar e eu lá me enfiei no carro a caminho de casa. Eu estava radiante, Feliz!
Enquanto viajava rezei, cantei também(só um louco é que faz isto!!!), e percebi como sou cada vez mais feliz por, na minha pobreza e simplicidade, dar tempo e coração à escuta.
Com a “Menina dos olhos tristes” apanhei uma vez mais um “banho” de humildade... A menina dos olhos tristes ensinou-me a ser pequenino, aprendi com ela a estar mais atento aos dramas de quem tendo tudo se sente nada...aprendi sobretudo a deixar-me surpreender por este Deus que habita no coração dos homens e mulheres que ele vai colocando no meu caminho.
A “menina dos olhos tristes” tem agora um outro brilho no olhar: a esperança de quem sente e sabe que não está só! Desde esse dia que a “baptizei” como “a Menina que vê mais longe”...é assim que carinhosamente irei tratá-la e acompanhá-la!

quarta-feira, dezembro 13, 2006

um coração que já não espera!?...(ainda a propósito do advento)


Como Criança, sentado à beira mar,
eis-me aqui, ò Deus,
a contemplar-Te no silêncio...
sabes muitas vezes ando quase esquizofrenicamente
a correr de um lado para outro,
pensando que sou eu a salvação que tantos anseiam e esperam...
e bem sabes como nesses dias é o meu umbigo o centro do mundo!
outras vezes, ò Deus, o meu coração já não sabe esperar em Ti, já não tem tempo para esperar em Ti...
e no entanto vem-me sempre à lembrança a convicção de que
um coração que já não espera é um coração que deixou de amar,
que deixou de estar aberto à surpresa,
é um coração que perdeu o encanto pelas coisas pequenas...
Por isso, uma vez mais conTigo e diante de Ti,
aqui me tens:
contemplativo no silêncio,
na expectativa de quem sabe esperar,
a viver este tempo da Esperança
na alegria e na simplicidade
de uma criança que se senta à beira mar
e que sabe que, ao longe, o horizonte
é apenas um ponto de chegada para uma nova partida...

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Imaculada e Senhora do Advento


Virgem.
Sempre Virgem.
Sem pecado concebida.
A Ti, Jovem donzela de Nazaré,
Em quem vem habitar o Deus da Vida,
Chegam estes rogos, estes prantos…
São clamores e cantos,
São gritos de uma fé firme,
São hinos de uma voz trémula.
A Ti, Senhora do Advento,
Confio todos os meus tormentos,
O que sou e o que hei-de ser…
Em Ti, eu quero ver
O meu Redentor Vivo,
Feito homem,
Deus-Menino…
Ele, Princípio e Fim,
Fruto do amor de Deus
Que incarna com teu SIM!

quinta-feira, novembro 30, 2006

O 1000 está aí!


Carissimos irmãos do Coração de Deus estarei fora até domingo à noite a participar na equipa de mais um Convivio Fraterno.
é o 1000!

Um número simbolico, significativo,...especial!
lá estarão muitos novos a descobrir este Deus "Louco, Esbanjador de Misericórdia e Enamorado por Aqueles que criou à Sua imagem e semelhança". (as maiúsculas são propositadas!!!)

Rezem por nós e rezem connosco:



Deus de toda a consolação
que nos chamas a servir-Te nestes nossos irmãos
dá-nos a graça de Te Anunciarmos com simplicidade e alegria,
de Te testemunharmos com profundidade e verdade,
para que assim,
marcado pela Esperança do Evangelho,
possamos ser para eles, e no mundo,
sinal do Teu Amor Misericordioso,
da Tua Alegria e Bondade
da Tua Ternura e Compaixão

segunda-feira, novembro 27, 2006

Sento-me com medo de me ajoelhar...
vejo-te aí, uma vez mais,
na simplicidade de um Pão que se parte e reparte
e eu faminto, aqui estou, perto de Ti.
não sei o que Te dizer pois sabes tudo,
conheces os meus silêncios,
os meus medos,
a minha noite e o meu dia...
Sim,
Tu que me inquietas e me provocas,
Tu que fizeste de mim um simples pescador...
sabes bem que às vezes sinto o medo de lançar as redes,
chego a pensar que não vale a pena...
às vezes ficar na praia é bem mais confortável!
Mas Tu és mais forte e desarmas a minha angústia,
as minhas canseiras e desânimos
com a beleza do Teu amor,
com o silêncio da Tua presença
com a ternura da Tua misericórdia.

Obrigado por seres assim
Meu Deus,
meu Cristo,
meu Senhor...

(Pampilhosa [Mealhada], 25/11/2006 01h17)

terça-feira, novembro 21, 2006

segunda-feira, novembro 20, 2006


Deus Santo e Fonte de Vida
que aqui nos congregas para diante do Pão do teu amor,
Teu Filho Jesus Cristo, Te adorarmos em Espírito e Verdade.
Sabes que nem sempre é fácil para mim reconhcer-Te
e deixar que sejas só Tu o centro da minha vida,
dos meus gestos, das minhas palavras,
dos meus silêncios...
Sendo eu um simples ramo desta videira fecunda que é a tua Igreja,
às vezes também sou este ramo seco que não produz fruto de vida porque deixou de estar unido a Ti,
de permanecer em Ti,
de ser para Ti, sendo com os irmãos.
Bem sabes como tantas vezes a minha teimosia (disfarçada de perseverança!!!)
não reconhece que sem Ti nada posso ser ou fazer,
sem Ti as minhas palavras tornam-se vazias,
os gestos são formalismo ritualista
e o testemunho,
esse torna-se um "papaguear" do "já dito", do "já feito"...
Neste dia em que Te confio a minha fragilidade e quero que sejas também, e sobretudo,
o Deus da minha debilidade,
peço-Te que me ensines a permanecer em Ti,
que me ensines a deixar permanecer em mim a Tua Palavra,
que me ensines a pedir-Te sempre e só o que for da Tua vontade.
Por isso, ó Deus,
visita-me com a Tua Paz,
renova-me com o "vinho novo" da consolação,
fortalece-me com a Tua misericórdia,
reveste-me da Tua Ternura e Alegria.

(Enc. Padres Nossos 30 Out. 2006)

segunda-feira, novembro 13, 2006

estou vivo!

Tenho recebido alguns mails a perguntarem se ainda estou vivo, claro que sim! Vivo e vivaço como sempre.
Ultimamente têm-me sido impossível passar por cá:
com o inicio de Novembro veio também um grande desafio, estive durante 5 dias a orientar um retiro a dois irmãos meus padres, e ainda por cima do mesmo ano que eu. Para mim foi um tempo de benção! um tempo forte de partilha da minha simplicidade com a riqueza que é cada um deles, dois grandes padres, sem dúvida. Um tempo em que Rezámos e Rimos, um tempo em que revisitámos o essencial....partimos diariamente para a nossa reflexão sempre guiados pelo tema do retiro:
"Padre para amar com ternura e caminhar humildemente"
um tema inspirado no profeta Miqueias.
Claro que as duas semanas que antecederam o retiro foram de uma especial dedicação a este trabalho o que motivou a minha ausência temporária.
Entretanto chegaram também mais 4 seminaristas aqui a casa vindos da diocese do Mindelo (Cabo Verde), agora está o grupo completo: 14!
Deles falarei num outro post.
por agora Já chega de informações!
Estou de regresso,
estou vivo,
e certamente que a "arritmia" destes dias vai ser superada com alguns post que tenho em atraso mas que conto publicar.
Como sempre, uma vez mais me lanço nesta imensidão que é o coração de Deus.

domingo, novembro 12, 2006

CF 1000 - Coimbra (preparação) parte 1

Há já algum tempo que a "seita do CF1000 se anda a preparar!" .
este fim de semana estivemos juntos em Outil (Cantanhede) para afinar alguns pormenores. Fomos acolhidos na casa do meu irmão JPV que como sempre nos faz sentir na nossa casa.

Como andava por lá um paparazzi, aqui ficam alguns registos...


O Vitor e as suas brincadeiras....







O Pe. Fernando como sempre a por "ordem na caserna e a comandar as tropas"...

A Nossa maestrina espiritual Adriana com um ar de quem vai comer os bolinhos de uma vez!!!

Gand'a Sol Marisa!!!

e claro o nosso Marco, a estrela da companhia a par do nosso Paulo Nuno, o nosso primeiro!!! (toda a gente em sentido!)

e claro a nossa Soraia para "botar" respeito a tudo isto!

Claro que o resto do pessoal também merece destaque até porque sem eles esta familia não faz sentido, aqui ficam alguns dos "momentos fotográficos do milénio":

Libânia

Isabel

Inês e Dina

Rique


e claro um padre muito ocupado!!!

quiçá a receber um amensagem divina!...

...talvez do PT que já tinha ido embora e que por isso não consta deste "álbum apócrifo da seita"...mas em breve ele também estará aqui nesta montra

Este fim de semana foi também uma oportunidade para na partilha fraterna e oração fortalecermos os laços que nos unem, a fé que nos anima e a esperança que nos desassossega constantemente para o bem, o belo e a Verdade, por isso rezamos com Santo Inácio de Loyola:

Tomai, Senhor, e recebei toda a minha liberdade,

a minha memória, o meu entendimento e toda a minha vontade,

tudo o que tenho e possuo;

Vós mo destes; a Vós, Senhor, o restituo.

Tudo é vosso, disponde de tudo, à vossa inteira vontade.

Dai-me o vosso amor e graça, que esta me basta.

sábado, outubro 28, 2006

Basta-me!...


hoje basta-me a certeza de me sentir amado,
basta-me o calor do afecto com que me envolves,
esse "beijo" com que ternamente me aqueces o coração
e me transformas num louco de amor,
num louco para amar,
num louco para dizer que És assim,
só Podes ser assim:
Um louco de Amor!
Tu o Deus que me inquieta e me transforma,
o Deus que me renova e me perdoa,
o Deus que me chama e ama!
o Deus que me envia sem bolsa nem alforge,
o Deus de uma outra lógica que me convida a Crer para Ver!

(um desbafo a propósito do Evangelho deste domingo)

segunda-feira, outubro 23, 2006

Um País de contrastes...


Vamos lá nós entendê-los?!!!
Primeiro queixam-se que o país está envelhecido e é preciso incentivos à natalidade, o que é que fazem a seguir? encerram maternidades!
logo a seguir, como já era esperado, vem então mais um referendo sobre a "interrupção voluntária da gravidez" a pedido e como direito da mulher, ora se é uma interrupção significa que pode ser algo retomado mais tarde, certo?...
concluo que vivemos num país de contrastes!...

ficam aqui expressas as razões apresentadas pelos nossos bispos pelas quais um católico deve dizer sim à Vida e votar não no próximo referendo:

1ª. O ser humano está todo presente desde o início da vida, quando ela é apenas embrião. E esta é hoje uma certeza confirmada pela Ciência: todas as características e potencialidades do ser humano estão presentes no embrião. A vida é, a partir desse momento, um processo de desenvolvimento e realização progressiva, que só acabará na morte natural. O aborto provocado, sejam quais forem as razões que levam a ele, é sempre uma violência injusta contra um ser humano, que nenhuma razão justifica eticamente.

2ª. A legalização não é o caminho adequado para resolver o drama do “aborto clandestino”, que acrescenta aos traumas espirituais no coração da mulher-mãe que interrompe a sua gravidez, os riscos de saúde inerentes à precariedade das situações em que consuma esse acto. Não somos insensíveis a esse drama; na confidencialidade do nosso ministério conhecemos-lhe dimensões que mais ninguém conhece. A luta contra este drama social deve empenhar todos e passa por um planeamento equilibrado da fecundidade, por um apoio decisivo às mulheres para quem a maternidade é difícil, pela dissuasão de todos os que intervêm lateralmente no processo, frequentemente com meros fins lucrativos.

3ª. Não se trata de uma mera “despenalização”, mas sim de uma “liberalização legalizada”, pois cria-se um direito cívico, de recurso às instituições públicas de saúde, preparadas para defender a vida e pagas com dinheiro de todos os cidadãos.
“Penalizar” ou “despenalizar” o aborto clandestino, é uma questão de Direito Penal. Nunca fizemos disso uma prioridade na nossa defesa da vida, porque pensamos que as mulheres que passam por essa provação precisam mais de um tratamento social do que penal. Elas precisam de ser ajudadas e não condenadas; foi a atitude de Jesus perante a mulher surpreendida em adultério: “alguém te condenou?... Eu também não te condeno. Vai e doravante não tornes a pecar”.
Mas nem todas as mulheres que abortam estão nas mesmas circunstâncias e há outros intervenientes no aborto que merecem ser julgados. É que tirar a vida a um ser humano é, em si mesmo, criminoso.


4ª. O aborto não é um direito da mulher. Ninguém tem direito de decidir se um ser humano vive ou não vive, mesmo que seja a mãe que o acolheu no seu ventre. A mulher tem o direito de decidir se concebe ou não. Mas desde que uma vida foi gerada no seu seio, é outro ser humano, em relação ao qual tem particular obrigação de o proteger e defender.

5ª. O aborto não é uma questão política, mas de direitos fundamentais. O respeito pela vida é o principal fundamento da ética, e está profundamente impresso na nossa cultura. É função das leis promoverem a prática desse respeito pela vida. A lei sobre a qual os portugueses vão ser consultados em referendo, a ser aprovada, significa a degenerescência da própria lei. Seria mais um caso em que aquilo que é legal não é moral.

Pedimos a todos os fiéis católicos e a quantos partilham connosco esta visão da vida, que se empenhem neste esclarecimento das consciências. Façam-no com serenidade, com respeito e com um grande amor à vida. E encorajamos as pessoas e instituições que já se dedicam generosamente às mães em dificuldade e às próprias crianças que conseguiram nascer.

Lisboa, 19 de Outubro de 2006

quinta-feira, outubro 19, 2006

um ano depois....!


hoje estou radiante!
o meu sobrinho e afilhado Rodrigo faz um ano!
como padrinho "babado" aqui fica a simplicidade da minha gratidão a Deus, à minha irmã e cunhado por esta grande alegria.

(Há um ano ele era assim)


Ò Deus que disseste que cada vida é preciosa aos teus olhos,
envolve com a tua ternura esta criança com que alegras a nossa família
e fá-la experimentar todos os dias da sua vida a tua benevolência e consolação. Ámen.

segunda-feira, outubro 16, 2006

O coração...em festa!

Hoje é um dia muito especial para o Coração, a Igreja celebra a memória de Santa Margarida Maria. è uma mulher que viveu num tempo conturbado da Igreja, começava a difundir-se o Jansenismo, um acorrente que põe Deus tão longe que o homem se torna incapaz de estar com Ele, aliás isso é impossível.
Mas como o Bom Deus vira do avesso as nossas lógicas(!) Cristo revela-se a esta mulher como o Deus que tem coração, um coração que ama e quer amar mais, um coração que vibra e sente com o coração dos homens, um coração que expressa a ternura de Deus.

Este é pois um dia de festa para o blog pois mergulhar no coração de Deus é experimentar em cada dia a bondade e a ternura de quem se sabe amado e perdoado, acolhido e provocado a ser mais com Deus, em Deus, no seu coração...

A Santa Margarida Maria disse-lhe o Coração de Jesus :
"Se alguém quiser agradar-me confie em Mim. Se quiser agradar-me mais, confie mais. Se quiser agradar-me imensamente, confie imensamente em Mim".
Amén!

quinta-feira, outubro 12, 2006

Vou a Fátima...


Hoje, como muitos outros homens e mulheres, também eu vou a Fátima...
Sei que este para alguns é um assunto controverso:
há os que não vêm mais nada do que a senhora vestida de Branco e há por outro lado aqueles que rejeitam completamente a mensagem e o facto das aparições.
Quanto aos primeiros é pena que não percebam que o essencial em Fátima não é a Senhora mas a mensagem de conversão, de contemplação do mistério amoroso deste Deus feito um de nós em Cristo...Aliás basta para isso recordar as bodas de Caná: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.
Quantos aos segundos é pena também que não percebam (ou não queiram perceber) que Deus não segue a nossa lógica e que em cada tempo Ele nos surpreende pela simplicidade, pela humildade, e irrompe mais uma vez na história dos homens por sítios e factos que não esperaríamos...e que em Fátima “não se adora uma Deusa” nem se faz a apologia do sofrimento ou da ignorância do Povo de Deus, mas antes em todos os espaços e propostas orantes se fala sempre de Cristo, do seu amor por nós, da necessidade de centrarmos o nosso coração com o d’Ele.
Hoje também eu vou a Fátima! Como homem de fé faço-me peregrino com todos os outros, comungo das suas esperanças e alegrias, dos seus sofrimentos e angústia e com eles ao fitar o olhar na senhora mais brilhante que sol sentir-me-ei desafiado a mudar o coração, a eliminar os preconceitos e as medidas curtas com que tantas vezes vivo e olho os outros...

quinta-feira, outubro 05, 2006

em retiro...


"Tu pertences-me!
coloca-te nas minhas mãos
e dá-me as tuas"
é este o ponto de partida para três dias de silêncio, oração e intimidade com o Mestre.
Desde hoje e até sábado é dentro deste horizonte que lançarei algumas pistas para a oração aos "os meus rapazes" aqui em casa. Para eles e para mim será certamente um tempo de benção, um tempo em que face a face com Ele seremos e sairemos naturalmente transformados.
A ti que passas pelo Coração de Deus peço-te que nos acompanhes na oração e na alegria,
hoje somos nós (os felizardos!) que nos abeiramos desta fonte inesgotável de amor, alegria e misericórdia que é o nosso Deus Trindade...
Amanhã chegará a tua vez, será Ele a convidar-te!Escuta a Sua voz...

domingo, outubro 01, 2006

Eles já chegaram!...


Eles já chegaram!
São 14 rapazes entres os 18 e os 66 anos.
Homens livres que querem entregar-se por amor, com amor, no amor ao Deus Amor.
Durante este ano vão parar para rezar, para amadurecer e discernir o que Deus quer fazer neles e com eles.
Será um tempo de benção, um tempo para crescer na intimidade e proximidade com este Deus que "loucamente os ama" e por isso os chama a serem o rosto do seu amor, da sua ternura, da sua alegria.
Hoje a Igreja faz memória de Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, mais conhecida como Santa Teresinha, Ela descobriu que a Igreja tem um coração e por isso dizia a propósito da sua vocação que "no coração da Igreja ela queria ser o amor".
É isto que motiva, desafia, provoca e reúne aqui estes rapazes! É para isto que eles fazem esta experiência de Seminário: Um tempo e um espaço onde estarão com Ele, onde serão os Seus amigos, para depois anunciarem que também neles o Senhor fez maravilhas.
Com eles e por eles também eu rezo a oração com que D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, conclui a sua recente carta pastoral sobre a beleza e alegria da vocação cristã:

Senhor Jesus,
Torna-me atento e vigilante
No discernimento da vontade do Pai
Para que eu possa em tudo
realizar a vocação
Com que Ele, desde sempre,
me quis e amou.
Na hora da dúvida e da provação,
Dá-me a certeza de não estar só,
Mas de saber e querer-Te próximo
Para viver contigo a minha oferta,
Seguindo-te humilde e confiadamente
No serviço da Tua Igreja e do mundo
Ámen!

terça-feira, setembro 26, 2006

"PADRES NOSSOS"...

Partilho convosco um caminho conjunto que tenho percorrido com alguns Irmãos meus e que me tem ajudado muito a crescer na simplicidade, na alegria, na serenidade. é o grupo dos "Padres nossos".
Não, não é um grupo de beatas que se junta no adro da Igreja para cortar na casaca a quem sai da missa ou a quem nem sequer lá pôs os pés!
Falo de um grupo que existe desde 27 Março 2006 (acabou de nascer!) contudo, ontem foi dia de "baptismo"(Um nome confere sempre identidade!!!).
O nosso JPV, que como sempre é um poço de alegria, com a sua espontaneidade e naturalidade baptizou este grupo de "padres nossos". provavelmente podes perguntar-te: "mas o que é isso então? Alguma seita nova?". Nada disso!
Os "Padres nossos" não são mais do que um pequeno grupo de padres(mais concretamente 10) que mensalmente se reúnem para rezar, fazer revisão de vida e crescer no aprofundamento da sua identidade e missão como padres.
Num tempo em que a voragem do tempo nos arrasta para a superficialidade, para a aparência, para o caminhar sem metas, para a correria...é fundamental parar! parar para retemperar forças, parar para serenar e escutar, parar para perceber que "quem cresce sozinho não cresce, isola-se!".
Ontem foi dia de reflectirmos a nossa relação com a Palavra e com a Reconciliação.
Foi tempo para rezarmos e percebermos que não somos "papagaios" que debitam umas coisas para outros fazerem, devemos ser em primeiro aqueles que escutam a Palavra, que a meditam e a vivem...
Somos peregrinos e por isso também nós somos visistados pela tentação do desânimo, da superficialidade, do "profissionalismo"...daí a provocação de Deus e nos deixarmos envolver pela sua misericórdia, pela sua ternura, pelo seu afecto.
deixo aqui as palavras que escrevi enquanto rezava com eles e por eles:
"Ò Deus da minha fragilidade,
Deus Belo e Santo.
Quiseste reunir-nos neste dia em redor de Ti,
converte-nos ao Teu amor,
à Tua vida, à Tua santidade
e torna-nos transparência da Tua beleza e salvação.
Ò Deus da minha debilidade
Sê o nosso refúgio e a noss aforça
Sê para nós...
Sê em nós a alegria e a paz, a ternura e a beleza,
para que a nossa vida seja cada vez mais
um sinal resplandecente de que
Sem Ti nada podemos fazer. Ámen"

Deus sabe como!...


Estes últimos dias foram particularmente preenchidos, Ainda bem!
O fim de semana que passou foi para mim, uma vez mais, a certeza serena de que é Ele que vai conduzindo esta barca de fragilidade que sou eu. A "família" do SDPV esteve reunida no "bunkker" de Souselas. Depois de muitas vicissitudes este fim de semana acabou por ganhar uma configuração diferente daquela que estava prevista inicialmente e transformou-se no fim de semana "bora lá ao trabalho!".
Foi um tempo para rir, para trabalhar, sobretudo dialogar, partilhar a vida, os sonhos, o projecto comum...percebendo sempre que em tudo o que fizermos o protagonismo será sempre o d'Ele e cada um de nós será sempre instrumento.
A diferença e a diversidade de experiências enriqueceu-nos e enriqueceu-me! Não rezámos assim tanto como inicialmente previ, mas como diz o ditado: "Deus escreve direito..."
O Deus das surpresas, o Deus da minha pequenez, ali esteve a provocar-me para dar mais atenção, para acolher mais e melhor, para ser mais humilde e tolerante...da cozinha às diferentes salas de reunião, dos "recém-chegados" à equipa até aos "veteranos"...e assim a noite de sábado terminou já tarde (à 01h já é Domingo!!!). Diante dEle coloquei todos os meus medos, todos os nossos sonhos, o sofrimento de alguns que ali estavam...
Na manhã de domingo o encontro com os nossos irmãos que se reuniam em comunidade à volta do altar...uma vez mais é Ele qu eme surpreende:
uma velhinha, daquelas aparentemente chatas e que apenas nos vão "torrar a paciência", abeirou-se de mim, pequenina, com um rosto sulcado pelas rugas (sinais do tempo que passou e das agruras da vida), com uma mantilha na cabeça, abeirou-se de mim, beijou-me e disse-me: "gostei de o ouvir! obrigado! Sabe, estive na sua ordenação. Nesse dia pedi a Deus uma só coisa, que o fizesse a si e aos seus dois colegas padres "segundo o evangelho" e sabe, hoje agradeci-Lhe..."(e foi-se embora!). Eu não a conheço, ma suma vez mais, e logo depois da Eucaristia, Ele ali estava provocador como sempre!!!
O dia lá continuou e depois de casa arrumada uma outra casa nos acolheu, agora já não estavamos todos...ficámos 5. Foi um tempo de graça! diante dEle feito Pão da Vida rezámos, cantámos, calámos...e deixámos que fosse Ele a "contemplar-nos", a olhar-nos com o seu amor o nosso coração...naturalmente que fomos saciados nesta fonte de salvação e de alegria.
Por isso, Este post não é mais do que uma prece balbuciada a Deus e a cada um deles, pois ao aceitarem "correr este risco" ensinam-me a mim cada vez mais que a Igreja se constrói na comunhão, na corresponsabilidade, na partilha da alegria e da esperança:
Ò Deus, minha esperança e minha consolação, coloco-me na Tua presença e quero bendizer-te por seres o Deus das surpresas, o Deus pequenino, o Deus criança, o Deus da ternura e da misericórdia. Ao agradecer a cada um destes meus irmãos é também a Ti que agradeço.
Obrigado Frei Tibério porque és para mim sempre um sinal de espontaneidade e profundidade.
Obrigado Martinho e Joana pelo vosso testemunho de amor matrimonial simples, discreto e alegre.
Obrigado Pedro por seres para mim um irmão mais novo e constante apelo a uma entrega quotidiana sempre humilde e confiante.
Obrigada Ana Maria por me ajudares com a tua candura a olhar com olhos novos este Deus Connosco.
Obrigado João Pedro e Francisco pela jovialidade, pela audácia e pela humildade com que acolhem a nossa sede de levar a todos este Deus loucamente enamorado pela humanidade.
Obrigada Ana Rita pelo apelo a olhar com mais atenção aqueles que de forma escondida e como grão de trigo se vão gastando ao serviço do reino.
Obrigada Marina e Isabel pela determinação em se organizarem para nos enriquecerem com a vossa presença generosa.
Obrigada Lucinda por me ajudares a compreender que mesmo no tempo da cruz e do deserto continua a valer a pena olhar o horizonte com a esperança do Evangelho.
Obrigado Otília e São Vieira porque mesmo na rectaguarda continua a ser para mim sinal de uma fidelidade criativa.
Obrigado Padre Fernando por seres como és: simples, alegre e testemunha serena da bondade e gratuidade do amor misericordioso de Deus.

sábado, setembro 16, 2006

"Quem diz a Verdade...merece castigo!"


A deturpação fruto de uma leitura emotiva (e que explora também essa mesma emoção!) das palavras do Papa Bento XVI na sua "aula" na passada terça-feira na Universidade de Regensburg, estão a provocar tudo aquilo a que estamos a assistir nestes dias: queimam-se fotografias do Papa, ataca-se o cristianismo, exige-se um pedido de desculpa da parte do vaticano, Igrejas são atacadas...tudo "em nome de Deus"!
Esquece-se no entanto o fundamental:
ler com objectividade e honestidade intelectual aquilo que disse o Papa, o que ele citou e como citou. (fica a versão em Ingês pois ainda não está disponivel a tradução portuguesa)
Mas é isso que não interessa, não vale a pena, o que importa é deixarmo-nos também nós levar nesta onda de emoção e acharmos que um Papa "velho, e conservador" (como ainda alguns o definem) se virou agora contra o Islão. Aliás que o Cristianismo é contra o Islão, e portanto faz-se deste momento mais uma "pedrada" da Igreja Católica aos muçulmanos...Os Cristãos podem ter inimigos mas não são inimigos de ninguém! Aliás o cristianismo não é "contra o homem" mas sempre a favor dele, pois acreditamos que o Deus Connosco, Cristo Jesus, se fez homem e assumiu por dentro a nossa condição.Penso sobretudo que as palavras do Papa são um convite, uma interpelação, a pensarmos a relação profunda entre a fé e a razão, entre a relação dos homens uns com os outros e a relação com Deus. São uma provocação a que o nosso tempo assuma um compromisso com a verdade, com a paz, com o respeito pela dignidade da pessoa humana, com o respeito pela diversidade, que em vez do confronto deve criar pontes de unidade, de comunhão, de diálogo.
Recomendo por isso a leitura do artigo de opinião escrito por Judite de Sousa, Jornalista da RTP, no JN e que a meu ver coloca o essencial da questão de maneira muito objectiva.
Num tempo em que o impacto das palavras retiradas do contexto para servirem de pretexto tem mais força que a verdade, pois essa não interessa, é caso para afirmar que temos que corrigir o povo no velho ditado, afinal "quem diz a verdade é que merece castigo!"...

segunda-feira, setembro 11, 2006

Ensina-nos de novo...


Segundo os velhos parâmetros da normalidade eu debitaria nas linhas que se seguem algumas considerações sobre o 11 de setembro e sobre a viragem que deu a nossa história.
Quem me conhece sabe que gosto da surpresa e de surpreender.
Por isso mesmo não vou lançar nenhum anátema a Bin Laden e seus seguidores, também não vou fazer a exaltação do patriotismo americano, vou tão simplesmente recordar (ou seja: trazer ao coração) que no meio de tudo isto houve "irmãos" meus que partiram, de raças e credos diversos, vou recordar que há familias para quem os dias continuam a ser pesados, vou recordar os orfãos e as viúvas, vou recordar todos os que nas duas torres tentaram salvar da morte outros e que acabaram também por sucumbir, e mais do que acrescentar palavras ocas ao livro das lamentações (que já não precisa de mais capítulos), gostaria de partilhar convosco a oração, as palavras, que fui rezando ao longo deste dia:

Ò Deus da minha debilidade,
olho de novo este mundo que amas até ao fim,
peço-Te que continues a visitar-nos quotidianamente com o Teu Perdão,
com a Tua Ternura, com a Tua Paz...
Dá-nos um coração misericordioso,
um coração capaz de amar e perdoar os inimigos,
um coração que vibra e sente segundo a medida do evangelho.
E quando o ódio, o desespero, a incomprensão e a sede de vingança nos visitarem
envolve-nos ternamente com Teus braços estendidos na cruz
e ensina-nos de novo o que é o Amor, o que é a Vida, o que é a Esperança...
Ámen.

sexta-feira, setembro 01, 2006

O Evangelho dos últimos...


Ao longo desta semana tive a oportunidade de estar diversas vezes com pessoas portadoras de deficiência. Que riqueza! e que grandes lições me deram de humanidade,acolhimento, capacidade de amar e de sorrir,...foi sem dúvida um tempo especial em que senti muito presente a mão deste Deus que loucamente nos ama, sem condições, sem restrições, sem preconceitos...
Aprendi com o Nicolau, que não fala, o valor do sorriso, do silêncio, do amor cristalino, da inocência...
Com a Mãe dele aprendi a dedicação, a simplicidade, o espírito de sacrificio.
Com o Paulo e o Luís (re)aprendi uma vez mais que o ministério que me foi confiado é o da alegria, da esperança, do serviço gratuito, sem a preocupação com o relógio, com a carteira, com...
Com a Mãe do Gabriel, que veio de itália com o seu filho para participar nestas férias, aprendi a ousadia de quem olha para o futuro e o escreve ao ritmo de Deus com as notas da esperança, do valor das pequenas coisas, dos pequenos passos...
Com a Comunidade dos Silenciosos Operários da Cruz (
www.sodcvs.org) aprendi uma vez mais que a pessoa portadora de deficiência tem de ser protagonista nesta Igreja a que pertenço e não simplesmente depositária da nossa caridadezinha infantilizada pelos preconceitos, pelos medos, pela ideia terrivel de que Deus os quer no mundo para que sofram...(como se Ele fosse sádico!!!)
Estou por isso cada vez mais convencido de que a minha vida, as minhas forças, os meus dias hão-de ser consagrados inteiramente a estes que são "os últimos"(cf. Mt 25, 31-40).
A beleza do Evangelho dos últimos está precisamente nesta certeza que me anima o coração e a inteligência:
mesmo num rosto ou num corpo desfigurados o meu Cristo está plenamente, tal como no Pão que comungo, tal como na Palavra que Ele me sussura ao coração, tal como na misericórdia com que Ele sempre me acolhe quando me perco no caminho...
É assim o meu Cristo, um Deus louco que se esconde nos últimos para que eu o possa servir e que assim me dá a alegria de lhe poder oferecer os meus nadas.

sexta-feira, agosto 18, 2006

o desequilíbrio do primeiro passo...


Ligou-me na quarta, desejava Reconciliar-se pois vai partir para uma viagem de 4 dias a pé com amigos até Santiago de Compostela.
Eu tinha acabado de chegar, ainda mal tinha recuperado do cansaço, mas disse-lhe que estava disponível e lá combiná-mos o encontro.
Dei por mim a pensar como é importante, ou melhor, fundamental, o "desequilíbrio do primeiro passo". É ele que marcará definitivamente o rumo a tomar, o ritmo do caminhar...
Ao mesmo tempo dei por mim a reler as páginas do livro da vida, da minha vida, e a ver nele cada primeiro passo, cada caminho (re)começado com este "desequilibrio do primeiro passo",... quase todos (re)começaram na experiência pessoal da reconciliação.
Lá nos encontrámos, fizémos juntos a festa da misericórdia,
acolhemos uma vez mais a ternura deste Amor Eterno e Santo,
e mais uma vez aprendi que o "desequilibrio do primeiro passo" se aprende na escola do silêncio, da verdade e da alegria de um amor que jamais passará(cf. 1Cor. 13, 13).

quarta-feira, agosto 16, 2006

Quem vive de Deus escolhe amar...


Fazer memória dos que partem significa para mim reafirmar que eles continuam no meu coração. É isso que hoje sinto ao lembrar este meu irmão mais velho que há um ano atrás foi assassinado.
Ao lembar aqui o Irmão Roger de Taizé fica para além do gesto o desejo de também eu rezar e trabalhar mais pela unidade e reconciliação da humanidade, afim de que cada homem e mulher descubram a Bondade, a Ternura, a Misericórdia e Alegria do Deus de Cristo Jesus, O Ressuscitado.
Que as palavras do ir. Roger nos estimulem a viver o Dom da Fé com mais ousadia e com mais alegria:

«Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz»: que paz é esta, que Deus dá?
É antes de mais uma paz interior, uma paz do coração. É ela que permite lançar um olhar de esperança sobre o mundo, mesmo se ele é tantas vezes dilacerado por violências e conflitos.
Esta paz de Deus é também um apoio para que possamos contribuir, muito humildemente, para a construção da paz onde ela se encontra ameaçada.
A paz mundial é tão urgente para aliviar o sofrimento, em particular para que as crianças de hoje e de amanhã não conheçam a angústia e a insegurança.
No seu Evangelho, numa fulgurante intuição, São João exprime quem é Deus em três palavras: «Deus é amor.» Basta compreendermos estas três palavras para podermos ir longe, muito longe.
O que nos cativa nestas palavras? É encontrar nelas esta certeza luminosa: Deus não enviou Cristo à terra para condenar quem quer que seja, mas para que todo o ser humano se saiba amado e possa encontrar um caminho de comunhão com Deus.
Mas por que razão há pessoas que o amor deslumbra, que se sabem amadas, realizadas? Por que razão há outras que julgam ser desprezadas?
Se cada um de nós compreendesse: Deus acompanha-nos mesmo na nossa solidão mais insondável. Ele diz a cada um de nós: «És precioso aos meus olhos, eu estimo-te e amo-te.» Sim, Deus só pode dar o seu amor, aí se encontra todo o Evangelho.
O que Deus nos pede e nos oferece é que recebamos a sua infinita misericórdia.
Que Deus nos ama é uma realidade por vezes pouco acessível. Mas quando descobrimos que o seu amor é antes de tudo perdão, o nosso coração encontra sossego e acaba por transformar-se.
Eis que nos tornamos capazes de confiar a Deus o que perturba o nosso coração: encontramos então uma fonte onde buscar nova vitalidade.
Estaremos bem conscientes? Deus confia tanto em nós que dirige a cada um de nós um chamamento. O que é esse chamamento? É o convite a amar como ele nos ama. E não há amor mais profundo do que ir até ao dom de si próprio, por Deus e pelos outros.
Quem vive de Deus escolhe amar. E um coração decidido a amar pode irradiar uma bondade sem limites.
Para quem procura amar com confiança, a vida enche-se de uma beleza serena.
Quem procura amar e dizê-lo através da sua vida é levado a interrogar-se sobre uma das questões mais prementes: como aliviar as penas e o tormento daqueles que estão próximo ou longe?
Mas o que é amar? Será partilhar o sofrimento dos mais maltratados? Sim.
Será ter uma bondade infinita de coração e esquecer-se de si próprio por causa dos outros, de forma desinteressada? Sim, certamente.E ainda: o que é amar? Amar é perdoar, viver reconciliados. E a reconciliação é sempre uma Primavera da alma."


(excerto da carta por Acabar)

segunda-feira, julho 31, 2006

chegaram as (merecidas!!!!) Férias...

Amiguinhos,
chegou também a hora de eu, como muita gente nesta altura, gozar do merecido tempo de férias. Embora o coração de Deus não sofra de arritmia,
é natural que durante alguns dias não haja por aqui muitas novidades.
Vou de férias à Polónia... mas regresso!!!

regressarei com mais animo, mais garra, mais alegria e mais esperança!

Na Polónia, Junto da Virgem no santuário de Jasna Gora ( http://www.jasnagora.pl/) rezarei por todos vós: pelos que me visitam, pelos que me amam ou odeiam, por todos os que deixaram de saber esperar, ou sorrir,...lá pedir-lhe-ei que vos leve a todos ao coração de Deus
BOAS FÈRIAS!!!
...como sempre, NO CORAÇÃO DE DEUS!

quarta-feira, julho 26, 2006

Para que serve o horizonte?...


Ontem encontrei-me com uma pessoa amiga que é paraplégica. Sorridente como sempre! (sim um sorriso mais bonito do que o da Julia Roberts em "o sorriso de Mona Lisa"!).
um familiar dizia-me: "para que serve a vida? valerá a pena?".
Trouxe-a comigo para a porta de casa e sentamo-nos nos degraus...(pensei que esta subtileza fizesse com que a minha amiga não ouvisse a nossa conversa...!).
Em silêncio procurei escutar mais atentamente o seu rol de longos desabafos, canseiras, desesperos,
falou-me dos dias em que chora,...no fim de tudo, sem saber o que dizer, dei-lhe um abraço ( quase tão demorado quanto a eternidade).

A certa altura contei-lhe uma história que me tinham enviado há já algum tempo:

Certa vez alguém chegou ao céu e pediu para falar com Deus porque, segundo o seu ponto de vista, havia uma coisa na criação que não tinha nenhum sentido.
Deus atendeu-o de imediato, curioso por saber qual era a falha que havia na Criação.
"Senhor Deus, a criação é muito bonita, muito funcional, cada coisa tem sua razão de ser, mas no meu ponto de vista, tem uma coisa que não serve para nada - disse a pessoa para Deus.
"- E que coisa é essa que não serve para nada?" - perguntou Deus.
"- É o horizonte. Para que serve o horizonte? Se eu caminho um passo em direcção ao horizonte, ele afasta-se um passo de mim. Se caminho dez passos, ele afasta-se outros dez passos. Se caminho quilómetros em direção ao horizonte, ele afasta-se os mesmos quilómetros de mim.Isso não faz sentido! O horizonte não serve pra nada." Deus olhou para aquela pessoa, sorriu e disse:
"- Mas é justamente para isso que serve o horizonte, para te fazer caminhar meu filho."

No fim da história ficámos em silêncio quase um minuto.
Depois foi ela que me abraçou e disse-me: "reza comigo..."
Entrámos e fomos rezar juntos os três.
Antes de começarmos a rezar, a minha amiga paraplégica rompe o silêncio e diz-nos:
" eu continuou a caminhar pois são vocês o meu horizonte!..."
por fim, abraçados, rezámos os três dando cada um graças a Deus pela vida...e pelo horizonte que Ele colocou nela!

domingo, julho 23, 2006

Deus é Paz! e Tu,...?


Muitas vezes esqueçemos que a paz não é somente a ausência de guerra!
há muita paz que é destruida com os nossos preconceitos, invejas, ódios,...
A paz é fruto da bondade de coração, de uma bondade que vê para além das aparências
e que tem sempre como ponto de partida o diálogo, a reconciliação, a verdade, a humildade...
só um coração em paz pode fazer a paz, levar paz, dar paz...
Quem entra no coração de Deus sente e sabe que a paz é fruto da comunhão,
da intimidade partilhada, da aceitação serena das diferenças.
Por Tudo isto Deus é Paz! porque nos aceita como somos e se deixa surpreender por cada passo que damos neste caminho de intimidade, de comunhão com Ele.
Como homem de fé eu procuro construir a paz, dar a paz. Nem sempre o consigo, mas tento.
Como peregrino recomeço todos os dias...com a certeza de que Ele vai á frente.
e Tu? levas paz, dás a Paz?...
Hoje o Papa Bento XVI pede a todos os crentes para que rezem pela Paz no médio Oriente, e pede-lhes que este dia seja um dia de Oração intensa e de penitência.

Unidos a todos os que invocam o Deus da Paz e da misericórdia, rezemos com esta oração atribuída a S. Francisco pedindo para o mundo, e para nós, o dom da Paz, da paz de coração:

Senhor,
fazei de mim um instrumento da vossa paz!
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão
Onde houver discórdia, que eu leve a união
Onde houver dúvida, que eu leve a Fé
Onde houver erro, que eu leve a verdade
Onde houver desespero, que eu leve a esperança
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria
Onde houver trevas, que eu leve a luz
Senhor,
que eu procure mais consolar que ser consolado,
compreender que ser compreendido,
amar que ser amado;
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se ressuscita para a vida eterna.


"Oração da Paz", atribuída a S. Francisco de Assis

terça-feira, julho 18, 2006

Deus é Ternura!...


Tenho encontrado muita gente que de Deus tem uma imagem aterradora.
vem isto a propósito de uma conversa que tive ontem com uma pessoa amiga ao telefone e que repetia à saciedade "não sei que mal fiz eu a Deus para merecer isto...".
A conversa lá se desenrolou, e depois de algumas lágrimas partilhadas, veio a serenidade.
A certa altura partilhei a minha experiência de fé e de vida, que essa pessoa bem conhece, e disse-lhe que vou descobrindo cada vez mais que "Deus é ternura" mesmo que esteja no meio de uma tempestade (e recordámos algumas já passadas! e bem dolorosas...).
Percebi que do outro lado a pessoa tinha estremecido... ficou algum tempo em silêncio...a conversa lá continuou mais uns minutos e essa pessoa termina o telefonema a dizer-me: "sabes, tenho cada vez mais a certeza que Deus é bom! obrigado por me recordares isso e por teres semeado no meu coração uma vez mais a esperança". Fiquei em silêncio depois de desligar o telemovel.
Dei por mim a pensar mais tarde, enquanto rezava, que alguns olham ainda hoje para Deus como de um juiz se tratasse, sempre pronto a castigar cada passo mal andado, cada palavra maldita(é de propósito o "erro"), cada gesto,...(quantos de nós não aprendemos isto em pequenos, quantas vezes não nos disseram que a trovoada era Deus a ralhar!!!!)
Outros há que olham para Deus como um bombeiro que deve estar sempre pronto para apagar as suas aflições.
Há também o grupo dos negociadores/accionistas, que quase lançaram uma OPA a Deus, e que lhe dão algo em troca se Ele lhes fizer o que desejam (e que às vezes outra coisa não se não o de confirmar o seu egoismo, a sua injustiça,...).
Há também quem olhe para Deus como um alvo a abater!
dizem que ele tira liberdade ao homem, e alguns chegam até a afirmar que ele tira aos crentes a capacidade e a liberdade de pensar, sentir, falar, amar...
Depois de me ter vindo à memória tudo isto enquanto rezava por aquela pessoa e pelo drama que estava a viver (alguns dirão que isto não é oração!!! e o que é rezar afinal? será o despejar palavras ocas ou será partilhar os dramas e os sonhos com a convicção de que eles são também os dramas e os sonhos de Deus?) sentia que no dia em que cada um de nós descobrir que Deus é ternura então a nossa vida ganha outro sabor, outra alegria, outra determinação. E isto faz-se na intimidade, na proximidade com Deus, na oração, na vida de todos os dias...
Quem descobre que a Ternura de Deus habita o coração dos homens e mulheres, descobre naturalmente uma nova esperança, uma razão para ser e para viver...descobre afinal que Deus não é contra o Amor mas é Amor. Descobre que todos e cada um de nós estamos no coração de Deus, mesmo os que duvidam!

segunda-feira, julho 17, 2006

A amizade...(a propósito dos amigos e dos conhecidos!)


Há pouco encontrei-me com ele no msn.
Estava um pouco em baixo e dizia-me que "hoje já ninguém valoriza a amizade..."
se calhar ele acordou apenas e só um pouco pessimista, no entanto, não deixa de ser engraçado ouvir um "puto" com esta conversa, e com a seriedade com que ele colocava algumas questões.
Afinal quem são os amigos? o que significa ser amigo?
será que alguma vez na vida teremos mesmo "amigos"?
Para mim ser amigo significa estar disposto a dar a vida pelo outro.
Significa arriscar sempre mais na atenção ao outro, no acolhimento, na compreensão.
Significa que os tesouros que o outro me confia, que são no fundo a sua intimidade, serão sempre para mim o tesouro mais importante do mundo, aquele que eu devo guardar, preservar, acarinhar,...
Por isso a amizade é sempre caminho e nunca meta,
é sempre descoberta e nunca conquista.
A amizade é como um poema é sempre intimidade acolhida, segredada,...
Esta é, para mim, a diferença entre os amigos e os conhecidos, esta é no fundo a diferença entre a banalidade e a profundidade. Amigos poucos, conhecidos muitos!
por tudo isto:

A Amizade... é um pedaco de céu que me invade e me transforma,
que quebra as fronteiras do infinito e me leva por trilhos nunca antes percorridos...
É um grito na noite dos sem esperanca que ousa transformar a treva em dia e devolver aos céus o sol roubado pela angústia.
É uma tela onde cabe qualquer cor
desde que a primeira seja amor.
Ela é o terno abraco que te envolve
e te diz que onde eu estou tu estás em mim...
é este tesouro em vasos de barro
que vou regando com as lágrimas da esperança
para que produza frutos de eternidade.


(poema/prenda para o aniversário de uma amiga)

segunda-feira, junho 19, 2006

ouvir ou escutar?...


ontem alguém me dizia, brincando um pouco,
que tenho o hábito de dar muita atenção às pessoas,
que gosto de as ouvir, de conversar, e me demoro muito tempo nisso...
ouvi isto e tomei-o como uma provocação!
Dei por mim a perguntar-me se o que tenho feito é ouvir ou escutar?
é que há uma diferença substancial nas duas atitudes:
eu posso ouvir sem escutar, mas não posso escutar sem ouvir.
Confesso que sou um apaixonado pelas pessoas, por cada pessoa, gosto de estar com elas, gosto de me deixar surpreender por elas, gosto de as ouvir, mas sobretudo de as escutar, gosto de no meio da multidão ver cada rosto como único,...
Para mim cada pessoa é um pedaço do infinito, de eternidade, de esperança e por isso disponho-me a "perder tempo", a estar, a escutar...vivemos tudo de maneira tão fugaz que temos de (re)aprender a arte de escutar. Escuta quem deseja estar, escuta quem deseja aprofundar, quem deseja ir além da superficialidade, quem deseja ver para além do tempo...
Escutar significa dispor-me a acolher, a compreender, a eliminar preconceitos, a vencer a incomunicação em que tantas vezes vivemos, que tantas vezes promovemos...
Escutar tornou-se por isso uma missão que assumo todos os dias em cada relação que estabeleço, em cada gesto que pratico, ...
Nem sempre tem sido fácil, nem sempre o consigo, nem sempre me disponho a tal, mas caminho...e escuto, parafraseando Sophia, como quem é olhado e amado e em cada escuta ponho solenidade e risco.

sábado, junho 03, 2006

A (des)propósito?!...



Está aí celebração do Pentecostes!
De entre as muitas coisas que tenho reflectido e rezado, e diante da “confusão” que ultimamente se pretende gerar na inteligência e no coração dos cristãos, a propósito da deturpação de alguns aspectos da vida de Jesus e da vida da Igreja, chego à conclusão que, no meio de tudo isto, o Espírito Santo tem sido muito mal tratado!

Muitos (até crentes mais “esclarecidos”) continuam a confundir o Espírito Vivificador com poder, com domínio. Outros há que O confundem com uma “energia positiva” que nos impele para o futuro e que nos faz (aparentemente) mais felizes. Não posso aqui esquecer os que, numa atitude mais “piegas”, quase querem obrigar o Espírito Santo a ser o salvador da sua incompetência e preguiça em aprofundar a fé. Por isso, tudo o que deviam fazer ou dizer e não fizeram ou disseram é interpretado, na sua lógica pseudo-profética, como um sinal de que o Espírito de Deus não quer “isto” ou “aquilo”. Há outros ainda, e não são assim tão poucos, que dispensam o Espírito Santo pois são possuidores de “tão grandes capacidades” que, se o Espírito do Ressuscitado se manifestasse, poderia ocultar o que eles são e valem…quem anda por estes caminhos anda enganado e anda a enganar-nos!
Provavelmente quem optou por ler as constatações que ficam ditas atrás pode perguntar-se: “mas a que propósito são feitas tais constatações?”. Para alguns elas podem ser apenas a expressão do “despropósito” de um cristão que é padre e que provavelmente estaria mal disposto no dia em que escreveu isto, ou, por outro lado, de um pessimista pronto a lançar um “anatema sit” aos homens e mulheres deste tempo. Quem assim pensar estará enganado.
Para mim a constatação de tudo isto constitui uma provocação a pensar e a repensar a forma como em Igreja estamos a anunciar, viver e celebrar a nossa fé. Significa assumirmos um dinamismo mais de escuta e acolhimento, de Deus e dos homens e mulheres com quem partilhamos o nosso quotidiano, do que de condenação ou de preconceito. Significa entendermos que uma fé sem compromisso eclesial não é fé. Significa que temos de assumir corajosa e definitivamente um compromisso de formar na fé com solidez, profundidade, audácia e alegria aqueles que baptizamos, para não corrermos o risco de termos comunidades construídas com base numa “fé débil”, que se assustam sempre com aqueles que gritam mais alto, e que não têem argumentos e seriedade nas propostas que apresentam.
Para que isto aconteça, precisamos de nos calar mais para melhor ouvirmos a voz de Deus, a voz do Espírito Santo. Precisamos de deixar que seja o Espírito Consolador a marcar o nosso ritmo enquanto Igreja, comunidades e crentes. Precisamos de acolher com mais alegria e mais esperança o Espírito da Verdade e da Vida que Deus uma vez mais nos quer conceder. Precisamos tão simplesmente de deixarmos que o Espírito de Cristo seja o protagonista nas nossas palavras, nos nossos gestos,… Só assim a nossa vida, a nossa Igreja, as nossas comunidades serão mais proféticas, mais testemunho, mais dom de Deus.
Que a confusão não nos “confunda”, nem nos iluda.
Não vale a pena o caminho da superficialidade, de nada valem as nossas correrias, os nossos muitos projectos e sonhos, se não nascerem no cenáculo, na intimidade de um coração e inteligência humilde e simples que se deixam comover e “desconcertar” pelo mistério amoroso deste Deus Trindade que se manifestou plenamente em Jesus Cristo, e que nos continua a amar e animar pelo Espírito Santo, o Senhor que dá a verdadeira Vida.
De nada nos adiantará pedir “Vem Espírito Santo…” se não estivermos dispostos a correr estes riscos. É isto que peço e rezo neste Pentecostes.

sexta-feira, junho 02, 2006

da confusão à ternura...

Há dias alguém me chamava a atenção para a necessidade dos padres darem mais tempo do seu ministério ao sacramento da reconciliação e dizia-me:
" andam sempre tão ocupados! nós nem os vemos, mas precisamos de desabafar, de falar, de alguém que nos ouça, e os psicólogos não são a solução. há coisas que só com um padre eu consigo falar"
Que estranho, pensei, num tempo em que parece não haver lugar para Deus na vida dos homens e mulheres, sou surpreendido por um jovem que me interpela assim.
Dois dias depois uma catequista numa paróquia queria á força levar uma biblia na procissão de entrada da missa de domingo, pois era hábito!!! e eu deveria esperar mais cinco minutos pois uma outra tinha ido buscar uma biblia. De repente aparece-me de novo a dizer que já podiamos começar pois tinha ido arranjar ali um outro livro que substituia a biblia. fiz-lhe um reparo dizendo: "sabe que livro tem na mão?" ela disse-me: não, mas este serve. Eu retorqui: "esse que serve, é uma biblia, está um pouco em mau estado, mas é aquilo que procurava" olhou-me como se eu tivesse dito uma asneira grave!!!!
no dia seguinte, Deus surpreende-nos sempre, tive um encontro de partilha de vida com 9 irmãos meus no ministério. Falámos da ternura, do afecto, da capacidade de amar com um coração universal...
Dois dias depois o Deus da ternura surpreende-me uma vez mais, aquela minha amiga que agora anda "à procura da fé..." encontrou-me num aniversário muito especial, uma casa de mulheres que há 125 anos se dedicam a tratar doentes mentais.

Ela Estava diferente. Tenho a certeza de que agora começou a "encontrar-se a si própria", falei-lhe do coração de Deus e de como me tinha marcado o último encontro que tivemos...mais tarde visitou este espaço e percebi que estva a dar passos novos, importantes, decisivos, tinha descoberto o rumo da terra da alegria.
disse-me no msn que tinha passado por cá...tentei agradecer-lhe o comentário. mas como a net tb falha, ela já não recebeu esse agradecimento.
Tentei dizer-lhe que foi bom vê-la passar da confusão à ternura.
Nesse mesmo dia, olhei para trás e vi que nesta semana uma vez mais Ele me surpreendeu.

Falou-me do amor que sabe ouvir e que reconcilia, do amor que é paciente quando há confusão, do amor que é ternura e acolhimento na redescoberta da dignidade da pessoa, do amor que impele à mudança, que aponta caminho...
Também Ele me disse que vale a pena passar da confusão à ternura...como sempre no coração de Deus.

quinta-feira, maio 25, 2006

à Procura da Fé...

Ontem estive com ela!...
Já não a via há algum tempo, mas na sexta-feira passada, disse-me, citando Sophia de Melo B., que "ao contrário dos outros mascarava-se e dizia o que não era..." e que tinha passado "uma fase má, que estava agora a superar!". Isto para mim foi um sinal de Alerta!!! Tinhamos de falar, tinha de me organizar simplesmente para estar com ela e ouvi-la...assim fiz. Combinámos um café (coisa banal para tratar de assunto sério!).
Lá nos encontrámos. Assim que me viu sorriu largamente, ela que é introvertida!?...
enquanto caminhámos até ao café fomos falando de coisas banais para mim, mas para ela profundamente significativas: o mundo da música!!!(aí eu sou pouco mais do que um zero à esquerda!) no meio da conversa fiquei comovido, como é que alguém tão novo sofre tanto...(não tinha sido fácil esta etapa da vida dela...).
A certa altura disse-me, ao seu jeito simples, que tudo lhe tinha passado pela cabeça...até o disparate de "resolver tudo de uma vez para sempre"...Mais um alerta, para o caso de eu estar distraido. Mas não estava. Comoveu-se e mudou de assunto...
Depois falámos sobre as alegrias e as dificuldades do tempo que já lá vai. Falámos também dos projectos do presente...e para meu espanto olhou o futuro com esperança!
Disse-me no entanto uma coisa que me deixou perturbado...No caminho da fé que estava a fazer perdeu tudo! Durante algum tempo, disse-me, celebrava a Eucaristia mas só racionalmente entendia que aquele pão era O Cristo...por isso não comungava, e agora anda à procura da Fé!
Quer fazer várias experiências, ver várias coisas, conhecer vários grupos e formas de viver este Cristo...no fim da conversa levei-a a casa!

Ao deixá-la, e relembrando oq ue lhe tinha ouvido,estremeci!!! dei por mim a pensar a "minha" Fé, onde é que anda? Será que pelo facto de me sentar diariamente "à mesa do amor" esta mesa e O que nela se dá a comer não se tornaram banais para mim?...
Depois de a ter deixado em casa, e de me ter questionado no caminho,fui rezar...
Quis uma vez mais falar com "o meu" Cristo e dizer-lhe simplesmente que O amo.
Bem sei que é ao meu jeito simples, às vezes tosco, desajeitado...mas é a forma que tenho para lhe expressar "a minha" Fé, a Fé que Ele todos os dias renova e alimenta. A Fé que Ele constantemente me oferece como Dom e que me faz caminhar, ser peregrino, samaritano da esperança...
Depois de tudo isto saí convicto de que agora ela e eu somos mais peregrinos!
Ela porque anda à procura, de uma forma simples mas séria...
eu porque continuo a aceitar a "loucura da fé" da entrega serena e confiante nas mãos do Pai... e dela faço a razão de ser dos meus dias, da minha vida, do meu ser...

Amiga....., Se alguma vez leres este texto, ficas a saber que te agradeço profundamente a tua partilha da vida e das dificuldades, agradeço-te também a provocação, que insconscientemente me lançaste...Agradeço-te por me despertares do "sono" em que muitas vezes caio de dar por adquirido o caminho que ainda falta fazer.
Rezo por Ti, rezo contigo...Ao "nosso" Cristo!

terça-feira, maio 23, 2006

Dessarrumar a nossa seguranças...


hoje logo, pela manhã (7h15) celebrei eucaristia com os meus...
a palavra provoca-nos hoje a deixarmos partir o Filho, de forma a que regressando ao Pai nos envie como consolador o Espírito Santo.
perguntei-me a mim mesmo:
"nós, os crentes, andamos a pedir a Deus que envie o Espírito Santo, para quê? para quem?
Pedimos mesmo?...
Como pedimos?..."

Alguns pedem que o Espírito Santo venha de preferência só para confirmar os seus egoismos, a sua mesquinhez, as suas medidas curtas...
Outros há que têm "tanto amor aos outros" que pedem para esses outros o Espírito Santo para que correspondam sempre às suas expectativas e não ao que devem ser realmente...

Quanto a mim,
apenas peço para que o Espírito Santo venha quando e onde quiser,
sobre quem o quiser receber,
peço-lhe que "desarrume" de tal forma as nossas "seguranças" de modo que sejamos cada vez mais humildes, mais alegres, mais humanos...mais santos.
Só assim seremos mais de Deus, mais com Deus, mais em Deus...
Que o Espirito Santo seja sempre este dom de Deus
que nos desassossega continuamente para o bem, para a verdade, para...

sábado, maio 20, 2006

Ao começar...


"no-coracao-de-Deus"

...um nome...uma missão!
é isto que pretende ser este blog:
um espaço onde com simplicidade, de forma descomplexada, humilde e alegre se partilha a vida, as alegrias e as tristezas...

um blog onde a esperança conduz a escrita,
as palavras e os silêncios...
um espaço onde são legitimas todas as perguntas e todas as respostas desde que feitas ou dadas com verdade, com honestidade, com profundidade,

como os viandantes que passo a passo
vão caminhando
até ao destino que traçaram...
guia-nos a certeza de que cada chegada

será sempre um novo começo...
Bem-Vindo ao Coração de Deus.